É
agora... Estou aqui, hoje, e o silêncio me conta que já se passaram dois
invernos desde nossas dores. Dois anos desde que a avalanche desceu a montanha,
e seu urro ainda espanta o remanso da nossa alma. Tempo de paz fraturada, de
sono roubado... Tempo em que a Esperança na Humanidade parecia uma noite em que
a Lua some e as trevas dominam...
Mas
eis que, no solo endurecido pela tragédia, uma flor teimosa ousa rasgar o
concreto. Uma flor de esperança, cujas pétalas são um sussurro de que a vida
insiste, de que a Beleza persiste. Uma flor semeada por quem menos se
esperava... É a seiva dessa flor que me move hoje, que me convida a descortinar
uma nova jornada.
Abrem-se
as cortinas do “Esh tá na Mídia” para minhas meditações semanais... Uma
tentativa de responder ao grito do antissemitismo não com outro grito, mas com
um canto. E qual a melhor forma de cantar essa canção, senão revelando a
orquestra inteira? Mostrar as melodias, os valores, a polifonia da diversidade,
a complexidade e, sim, os silêncios e as notas dissonantes de um povo tão
vasto, plural e luminoso!
E
abrirem-se as cortinas, desvelam-se novas possibilidades, novos desafios... Sentir a leveza da Arte, como a graça de uma
dança, como a Beleza da Vida e do Mundo.
Tenho
para mim, e isto é apenas o sentir do meu coração, que "O Violinista no
Telhado" fez mais pela alma do mundo do que mil tratados. Ele não debateu;
ele dançou sobre as telhas da intolerância e convidou a todos para uma ciranda.
As
partituras de Bernstein e Gershwin não discursaram; elas verteram em música a
própria pulsação da vida, mostrando que a experiência judaica é, em sua
essência, a experiência humana.
E
aqui mora o Alumbramento, o Encanto. A Arte não esconde as falhas, ela as
ilumina com o ouro do sentir. Ela nos revela que a mais sublime Pureza não é a falta
de imperfeições, mas a coragem de aceitar nossa Humanidade inteira e, ainda
assim, lutar para evoluirmos.
A
verdadeira Santidade está em abraçar nossas próprias contradições, nossas
sombras e nossa Luz.
É
nesse espelho de Humanidade que nos reconhecemos uns nos outros.
Por
isso, a resposta mais potente ao ódio que separa é o gesto que une. É
entrelaçar nossas mãos, não para erguer muros, mas para tecer um grande manto
de pertencimento, onde cada fio, com sua cor e textura, é essencial para a Beleza
do todo.
Vamos
sorrir juntos?
Muito
obrigado.
André Naves
Defensor Público Federal. Especialista em Direitos Humanos e Sociais, Inclusão Social – FDUSP. Mestre em Economia Política - PUC/SP. Cientista Político - Hillsdale College. Doutor em Economia - Princeton University. Comendador Cultural. Escritor e Professor.
Conselheiro do Chaverim. Embaixador do Instituto FEFIG. Amigo da Turma do Jiló.
www.andrenaves.com
Instagram: @andrenaves.def

Muito sentido , expressivo e vwrdadeuri
ResponderExcluirMuito sentido, expressivo e verdadeiro. Parabens André!
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