Assim como seus ancestrais, os judeus DE HOJE encontram o caminho para Myanmar.
Por Itanira Heineberg
Sinagoga
Mesmuah Yeshuah em Yangon, Myanmar, decorada para o casamento de Sammy Samuel. |
Há tempos
houve uma comunidade judaica no território de Burma, Birmânia ou Myanmar, com a
chegada do primeiro colono em 1752-60, na área do Rei Alaungpaya.
“O
primeiro colono judeu na Birmânia pode ter sido Solomon Gabirol, um Bene Israel
de língua marata da região de Bombaim, no oeste da Índia. Gabirol serviu como
comissário no exército birmanês do rei Alaungpaya, que governou de 1752 a 1760
e fundou a dinastia Konbaung.
Azariah
Samuel, de Bushir na Mesopotâmia, pode ter sido o primeiro colono judeu
Baghdadi na Birmânia. Em 1841 ele chegou ao porto de Akyab.”
O reino caiu nas mãos dos britânicos que fizeram então da Birmânia uma parte da Índia até 1853. Em 1937, aquela região virou uma colônia inglesa - até 1947, quando recebeu sua independência.
Em 1989, o
país mudou seu nome para “República da União de Myanmar.
Hoje, na
rua Mahabandoola, uma das principais da cidade, encontra-se a bela e antiga
sinagoga sefardita do país, Mesmuah Yeshuah, onde nenhum serviço religioso foi
oficiado nos últimos 50 anos.
Mesmo
assim, todas as manhãs o patriarca da comunidade, Moses Samuel, 63 anos, abre
as portas do templo e aguarda qualquer passante, de qualquer religião, que
queira nela entrar.
Recentemente Moses foi atacado por um câncer de garganta, levando seu filho Sammy, 32 anos, o mais jovem dos judeus da Birmânia, a substitui-lo, tornando-se o rapaz a voz de seu povo.
A história
conturbada do pequeno país, de 2.500 judeus nas épocas prósperas, levou à
migração dos mesmos para diferentes e mais seguros lugares.
Durante a Segunda Guerra o Japão invadiu o país e os judeus passaram a ser considerados espiões britânicos, ocasionando a fuga da maioria deles.
Muitos voltaram
após a guerra e, em 1948, com a independência, a Birmânia tornou-se amiga de
outro novo país, o Estado de Israel.
Em 1962 os
militares derrubaram o governo birmanês e nacionalizaram as empresas. Quase
todos os judeus abandonaram o país mas a família Samuel resistiu e ficou.
Samuel diz que nunca pensou em deixar o país. Ele e seus familiares amam a
terra de origem e acreditam que é importante ficar para sempre poder receber os
turistas judeus na Birmânia. Eles acrescentam que não queriam que “os
visitantes judeus ficassem sozinhos”.
“Em 2002, Sammy conseguiu uma bolsa integral para cursar a faculdade nos Estados Unidos. Ele se mudou permanentemente para Nova York, mas todo verão viaja de volta para Yangon, a capital.
FEIRA EM YANGON |
Numa sexta-feira à noite no verão, Moisés foi sozinho à sinagoga. Sammy não estava se sentindo bem, mas 45 minutos depois Sammy recebeu um telefonema de seu pai implorando para que ele viesse. “Ele parecia ter ganho na loteria”, diz Sammy.
Antes mesmo de chegar lá naquela noite, ele ouviu a cantoria. Cerca de 40 turistas americanos compareceram aos cultos de sexta à noite.
“Meu pai ficou tão feliz que abriu todos os vinhos kosher que tinha”, diz Sammy.
Sammy, que estava procurando uma maneira de conectar sua terra natal com seu país de adoção, teve uma ideia brilhante. Se esses 40 turistas viessem para os cultos de sexta à noite, talvez outros viessem também. Ele abriu uma agência de viagens chamada Myanmar Shalom, para - como ele diz - “manter vivo o espírito judeu na Birmânia”.
Em
2011, a Birmânia se tornou nominalmente democrática e os turistas começaram a
chegar, relativamente falando. E Myanmar Shalom, que faz viagens em grupo e
pessoais para judeus e não judeus, passou de dois funcionários para vinte.”
“O Instituto do Conselho Empresarial EUA-ASEAN (USABCI) acabou de restaurar partes da sinagoga, e Frances Zwenig, chefe do projeto, diz que sempre há turistas na sinagoga quando ela a visita.
E agora que Myanmar Shalom pode cobrir os custos, a USABCI devolveu a manutenção da sinagoga à família Samuels.
Myanmar Shalom não está apenas facilitando o caminho para os turistas; Sammy também administra uma empresa de consultoria para empresas da Fortune 100 que tentam explorar os mercados intocados de Myanmar. Esses negócios muitas vezes trazem judeus para Yangon em busca de oportunidades de trabalho - assim como seus ancestrais faziam.
À
medida que mais judeus seguem para Yangon, uma coisa é certa: a família Samuels
estará na sinagoga, esperando para recebê-los de braços abertos.”
Sinagoga
preservada com mais de 100 anos de história. |
FONTES:
https://www.jpost.com/travel/a-jewish-tour-of-burma-163646
https://www.pri.org/stories/2014-02-26/jews-are-making-their-way-myanmar-just-their-ancestors-did
https://link.springer.com/referenceworkentry/10.1007/978-94-024-1267-3_792
https://pt.wikipedia.org/wiki/Myanmar
https://learningenglish.voanews.com/a/synagogue-burma-fires/1821095.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário