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terça-feira, 3 de novembro de 2020

VOCÊ SABIA? - Moshav, o modelo para acabar com a fome no planeta

 

A pobreza leva à insegurança alimentar... ou a insegurança alimentar leva à pobreza?

Como eliminar a escassez de alimentos no mundo?

Por Itanira Heineberg


Moshav Shdema - planície costeira de Israel

Você sabia que a empresa israelense Start-up Nation pode ajudar a fornecer uma solução para aplacar a fome de cerca de atuais 736 milhões de pessoas no mundo?

 

As comunidades agrícolas autossustentáveis de Israel podem ajudar a acabar com o ciclo de pobreza e insegurança alimentar funcionando como grupos de eficiência levando aos necessitados a experiência e o trabalho da terra em comunidade.

Em 1990, um terço da população mundial vivia em “extrema pobreza”, isto é, sobreviviam com insignificantes 1,90 dólares por dia ou menos. Em 2015, esse número decresceu para 10% da população - a menor já registrada na história. De acordo com o relatório de 2018 do Banco Mundial “Piecing Together the Poverty Puzzle”, o progresso está se concretizando.

E aí aparece a Start-up Nation que oferece a possibilidade de amainar ou solver o problema.

 

“Afinal, Israel quase aperfeiçoou um modelo que permite que os alimentos sejam facilmente distribuídos e cultivados de forma sustentável.

 

Em grande parte devido ao tamanho menor do país, a maioria dos moshavim (vilas) tem apenas 7,5 acres de terra por família, além de estradas e espaços públicos. Mas essa pequena área de terra tem um impacto significativo: as casas são organizadas em uma estrutura de vila de 40 a 300 famílias, tornando mais fácil e mais econômico fornecer educação e outros serviços sociais para essas famílias. Moshavs são então organizados em clusters (agrupamentos), o que permite a prestação de serviços entregues de maneira econômica, a uma maior população.

 

Embora esse modelo possa não atender a todas as necessidades agrícolas, a concentração de agricultores em um formato de aldeia é a base para um sistema agrícola que é autossustentável e apoia os centros urbanos circundantes. Permite compras coletivas de insumos e venda de produtos. Este método fornece uma provisão econômica de serviços sociais como educação e assistência médica, bem como interação social. Também permite o desenvolvimento dentro da comunidade de habilidades além da agricultura - e ao contrário do socialismo mais rígido do kibutz - a acumulação de ativos pessoais que podem então ser passados ​​para a próxima geração também.

 

Esse método certamente vale a pena ser considerado no Dia Mundial da Alimentação, em 16 de outubro, que também coincide com o aniversário da criação da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), cujo objetivo é eliminar a fome no mundo. Infelizmente, 75 anos após sua fundação, a escassez de alimentos ainda é um problema global muito real.

 

As pessoas que passam fome rotineiramente não estão recebendo nutrientes suficientes e, portanto, não são capazes de trabalhar e se sustentar. Ao mesmo tempo, aqueles que são pobres provavelmente não alcançarão a autossuficiência alimentar por conta própria.

 

Até o momento, a abordagem popular dos países mais ricos de transferir alguns de seus excedentes agrícolas para os países em desenvolvimento mais pobres não é suficiente. Embora a transferência dos excedentes os remova dos mercados ocidentais, apoie os agricultores nesses países e permita que o Ocidente se sinta bem em apoiar os pobres em outros lugares, esta solução apenas arranha a superfície do problema - fornece a alguém um peixe, em vez da própria vara de pescar.

 

É aqui que entra em jogo a gestão do sistema agrícola e o modelo moshav de distribuição de terras bem-sucedido de Israel. Ou seja, as terras agrícolas nos países em desenvolvimento precisam ser distribuídas de uma forma que incentive alguma aglomeração ou concentração de agricultores em uma comunidade que permita a distribuição econômica de ativos sociais, como educação e assistência médica, enquanto permite que agricultores individuais acumulem riquezas pessoais que irão então contribuir para a sua segurança alimentar. Isso, por sua vez, permitirá que forneçam às comunidades vizinhas alimentos produzidos a um preço razoável em relação à sua renda. Isso geraria a renda necessária para tirar essas áreas da pobreza.

 

Claro, o modelo moshav praticado em Israel pode precisar ser modificado para ser aplicado em outros lugares, mas é um modelo que vale a pena considerar em conjunto com uma abordagem de cima para baixo que prevalece na maioria das instituições internacionais que lidam com segurança alimentar. O modelo moshav fornece aos participantes as habilidades e infraestrutura para serem autossuficientes e autossustentáveis.

Moshav Burgata na planície de Sharon, campo de trigo



Dito isso, o modelo moshav ainda pode ser uma forma viável de fornecer aos pobres as tão necessárias varas de pescar para gerar um estilo de vida autossustentável que os tornará independentes e seguros em relação à alimentação.

 

Michael Humphries leciona marketing e gerenciamento no Jerusalem College of Technology e é vice-presidente do Departamento de Administração de Negócios do Touro College Israel, onde leciona finanças.”

 

É evidente que esta ideia de aglutinar as pessoas aos poucos e ensiná-las a cultivarem sua própria alimentação enquanto cuidando de sua própria saúde é um passo grande para solucionar o problema da fome.

Em outros lugares do mundo estes pequenos grupos já estão acontecendo, visando ainda atingir uma produção que não destrua o meio ambiente e proporcione o bem estar e a saúde a seus membros.

Não precisamos ir muito longe, aqui no estado do Paraná, uma pequena comunidade nestes moldes está se formando e trabalhando com sucesso em prol de seus participantes e vizinhos mais carentes.


COLETIVO DE CONVIVÊNCIAS AGROECOLÓGICAS - CCA



Meu neto e seus colegas do curso de Agroecologia da Federal de Matinhos, UFPR Litoral, criaram uma pequena comunidade onde plantam com sabedoria respeitando o meio ambiente, vivendo em harmonia e disciplina, valorizando equitativamente todos os membros do grupo.





Em entrevista por e-mail com estes dois jovens integrantes do grupo, obtivemos as seguintes respostas às nossas perguntas:

 

“Somos o Coletivo de Convivências Agroecológicas (CCA), um grupo auto coordenado que desde 2017 atua no litoral do Paraná, promovendo a agroecologia através da troca de saberes, plantio agroecológico rural e urbano, oficinas, ações culturais, educação ambiental, soberania alimentar e nutricional, contribuindo para o desenvolvimento local no âmbito social, ambiental e econômico.”

Diogo Heineberg Cohenca e Luiza Corrêa Eloi carregando seus bebês junto ao corpo durante o plantio da terra.

“Atualmente convivemos 11 adultos e 5 crianças em uma comunidade Peri urbana na cidade de Matinhos-PARANÁ, cocriando diariamente um novo mundo pelos princípios da sustentabilidade ecológica e de uma vida em harmonia com a natureza.”

 


Manejando a composteira termofílica, a maneira utilizada para transformar resíduos orgânicos em adubo para as plantas.


Esta vivência afetuosa e de cooperação entre os integrantes da comunidade cria uma atmosfera de desempenho, energia e plenitude em termos de realização pessoal o que os leva à inspiração e criatividade. Quando chove trabalham a madeira e extravasam seus sentimentos sob forma de música e literatura.

 

Aqui vai o poema:


“Eu peço a meu Pai

Saúde aos meus irmãos

Pra toda comunidade

Vibrar com amor

 

A força nos dá a luz

Para podermos brilhar

 

Somos Filhos dessa luz

Sob a divina proteção”

 

E no link abaixo temos a interpretação musical do texto supra citado, nas vozes de moradores do CCA:




Assistamos agora ao vídeo onde aparecem mais componentes do grupo CCA no Paraná em meio às suas atividades diárias:

As riquezas naturais de Matinhos (bloco1)

http://gshow.globo.com/RPC/Plug/videos/v/as-riquezas-culturais-de-matinhos-bloco-1/


FONTES:

 

Entrevista com Diogo Heineberg Cohenca e Luiza Corrêa Eloi, moradores do CCA, Coletivo de Convivências Agroecológicas.

https://blogs.timesofisrael.com/this-world-food-day-consider-the-moshav-model-to-stop-hunger/?utm_source=The+Blogs+Weekly+Highlights&utm_campaign=blogs-weekly-highlights-2020-10-22&utm_medium=email

https://www.conib.org.br/em-visita-ao-brasil-presidente-do-movimento-kibutziano-fala-sobre-reforma-do-sistema/

https://embassies.gov.il/sao-paulo/AboutIsrael/Land/Pages/TERRA-Vida-rural.aspx

https://www.timesofisrael.com/israel-to-send-5-million-worth-of-wheat-to-our-new-friends-in-sudan/


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