A pobreza leva à insegurança alimentar... ou a insegurança alimentar leva à pobreza?
Como
eliminar a escassez de alimentos no mundo?
Por Itanira Heineberg
Moshav Shdema - planície costeira de Israel
Você
sabia que a empresa israelense Start-up Nation pode ajudar a fornecer uma
solução para aplacar a fome de cerca de atuais 736 milhões de pessoas no mundo?
As
comunidades agrícolas autossustentáveis de Israel podem ajudar a acabar com o
ciclo de pobreza e insegurança alimentar funcionando como grupos de eficiência
levando aos necessitados a experiência e o trabalho da terra em comunidade.
Em
1990, um terço da população mundial vivia em “extrema pobreza”, isto é, sobreviviam
com insignificantes 1,90 dólares por dia ou menos. Em 2015, esse número decresceu
para 10% da população - a menor já registrada na história. De acordo com o
relatório de 2018 do Banco Mundial “Piecing Together the Poverty Puzzle”, o
progresso está se concretizando.
E
aí aparece a Start-up Nation que oferece a possibilidade de amainar ou solver o
problema.
“Afinal,
Israel quase aperfeiçoou um modelo que permite que os alimentos sejam
facilmente distribuídos e cultivados de forma sustentável.
Em
grande parte devido ao tamanho menor do país, a maioria dos moshavim (vilas)
tem apenas 7,5 acres de terra por família, além de estradas e espaços públicos.
Mas essa pequena área de terra tem um impacto significativo: as casas são
organizadas em uma estrutura de vila de 40 a 300 famílias, tornando mais fácil
e mais econômico fornecer educação e outros serviços sociais para essas
famílias. Moshavs são então organizados em clusters (agrupamentos), o que
permite a prestação de serviços entregues de maneira econômica, a uma maior
população.
Embora
esse modelo possa não atender a todas as necessidades agrícolas, a concentração
de agricultores em um formato de aldeia é a base para um sistema agrícola que é
autossustentável e apoia os centros urbanos circundantes. Permite compras
coletivas de insumos e venda de produtos. Este método fornece uma provisão
econômica de serviços sociais como educação e assistência médica, bem como
interação social. Também permite o desenvolvimento dentro da comunidade de
habilidades além da agricultura - e ao contrário do socialismo mais rígido do
kibutz - a acumulação de ativos pessoais que podem então ser passados para a próxima
geração também.
Esse
método certamente vale a pena ser considerado no Dia Mundial da Alimentação, em
16 de outubro, que também coincide com o aniversário da criação da Organização
das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), cujo objetivo é
eliminar a fome no mundo. Infelizmente, 75 anos após sua fundação, a escassez
de alimentos ainda é um problema global muito real.
As
pessoas que passam fome rotineiramente não estão recebendo nutrientes
suficientes e, portanto, não são capazes de trabalhar e se sustentar. Ao mesmo
tempo, aqueles que são pobres provavelmente não alcançarão a autossuficiência
alimentar por conta própria.
Até
o momento, a abordagem popular dos países mais ricos de transferir alguns de
seus excedentes agrícolas para os países em desenvolvimento mais pobres não é
suficiente. Embora a transferência dos excedentes os remova dos mercados
ocidentais, apoie os agricultores nesses países e permita que o Ocidente se
sinta bem em apoiar os pobres em outros lugares, esta solução apenas arranha a
superfície do problema - fornece a alguém um peixe, em vez da própria vara de
pescar.
É
aqui que entra em jogo a gestão do sistema agrícola e o modelo moshav de
distribuição de terras bem-sucedido de Israel. Ou seja, as terras agrícolas nos
países em desenvolvimento precisam ser distribuídas de uma forma que incentive
alguma aglomeração ou concentração de agricultores em uma comunidade que
permita a distribuição econômica de ativos sociais, como educação e assistência
médica, enquanto permite que agricultores individuais acumulem riquezas
pessoais que irão então contribuir para a sua segurança alimentar. Isso, por
sua vez, permitirá que forneçam às comunidades vizinhas alimentos produzidos a
um preço razoável em relação à sua renda. Isso geraria a renda necessária para
tirar essas áreas da pobreza.
Claro,
o modelo moshav praticado em Israel pode precisar ser modificado para ser
aplicado em outros lugares, mas é um modelo que vale a pena considerar em
conjunto com uma abordagem de cima para baixo que prevalece na maioria das
instituições internacionais que lidam com segurança alimentar. O modelo moshav
fornece aos participantes as habilidades e infraestrutura para serem
autossuficientes e autossustentáveis.
Dito
isso, o modelo moshav ainda pode ser uma forma viável de fornecer aos pobres as
tão necessárias varas de pescar para gerar um estilo de vida autossustentável
que os tornará independentes e seguros em relação à alimentação.
Michael
Humphries leciona marketing e gerenciamento no Jerusalem College of Technology
e é vice-presidente do Departamento de Administração de Negócios do Touro
College Israel, onde leciona finanças.”
É
evidente que esta ideia de aglutinar as pessoas aos poucos e ensiná-las a
cultivarem sua própria alimentação enquanto cuidando de sua própria saúde é um
passo grande para solucionar o problema da fome.
Em outros lugares do mundo estes pequenos grupos já estão acontecendo, visando ainda atingir uma produção que não destrua o meio ambiente e proporcione o bem estar e a saúde a seus membros.
Não precisamos ir muito longe, aqui no estado do Paraná, uma pequena comunidade nestes moldes está se formando e trabalhando com sucesso em prol de seus participantes e vizinhos mais carentes.
COLETIVO DE CONVIVÊNCIAS AGROECOLÓGICAS - CCA
Meu
neto e seus colegas do curso de Agroecologia da Federal de Matinhos, UFPR
Litoral, criaram uma pequena comunidade onde plantam com sabedoria respeitando
o meio ambiente, vivendo em harmonia e disciplina, valorizando equitativamente todos
os membros do grupo.
Em
entrevista por e-mail com estes dois jovens integrantes do grupo, obtivemos as
seguintes respostas às nossas perguntas:
“Somos
o Coletivo de Convivências Agroecológicas (CCA), um grupo auto coordenado que
desde 2017 atua no litoral do Paraná, promovendo a agroecologia através da
troca de saberes, plantio agroecológico rural e urbano, oficinas, ações
culturais, educação ambiental, soberania alimentar e nutricional, contribuindo
para o desenvolvimento local no âmbito social, ambiental e econômico.”
Diogo
Heineberg Cohenca e Luiza Corrêa Eloi carregando seus bebês junto ao corpo
durante o plantio da terra.
“Atualmente
convivemos 11 adultos e 5 crianças em uma comunidade Peri urbana na cidade de Matinhos-PARANÁ,
cocriando diariamente um novo mundo pelos princípios da sustentabilidade
ecológica e de uma vida em harmonia com a natureza.”
Manejando
a composteira termofílica, a maneira utilizada para transformar resíduos
orgânicos em adubo para as plantas. |
Esta
vivência afetuosa e de cooperação entre os integrantes da comunidade cria uma
atmosfera de desempenho, energia e plenitude em termos de realização pessoal o
que os leva à inspiração e criatividade. Quando chove trabalham a madeira e
extravasam seus sentimentos sob forma de música e literatura.
Aqui vai o poema:
“Eu
peço a meu Pai
Saúde
aos meus irmãos
Pra
toda comunidade
Vibrar
com amor
A
força nos dá a luz
Para
podermos brilhar
Somos
Filhos dessa luz
Sob
a divina proteção”
E
no link abaixo temos a interpretação musical do texto supra citado, nas vozes
de moradores do CCA:
Assistamos
agora ao vídeo onde aparecem mais componentes do grupo CCA no Paraná em meio às
suas atividades diárias:
As riquezas naturais de Matinhos (bloco1)
http://gshow.globo.com/RPC/Plug/videos/v/as-riquezas-culturais-de-matinhos-bloco-1/
FONTES:
Entrevista com Diogo Heineberg Cohenca e Luiza Corrêa Eloi, moradores do CCA, Coletivo de Convivências Agroecológicas.
https://embassies.gov.il/sao-paulo/AboutIsrael/Land/Pages/TERRA-Vida-rural.aspx
https://www.timesofisrael.com/israel-to-send-5-million-worth-of-wheat-to-our-new-friends-in-sudan/
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