Israel & Grã-Bretanha – uma brasileira em Israel
Por Regina P. Markus
Bom dia a todos os leitores da EshTánaMídia. Muito bom estar
de férias a 10.000 km de São Paulo e também em casa. Estou em uma pequena
cidade de Israel (Ramat haSharon) que fica ao norte de Tel Aviv e “grudada” em
Herzlia, que é mais ao norte. Esta cidade teve origem em um Moshav fundado antes
de 1948 (ano da fundação do Estado de Israel). Desta época rural, guarda uma
marca muito interessante: há um espaço grande, cercado por um rota para
pedestres, onde muitos vão se exercitar. No centro há uma plantação de vegetais e
algumas frutas que são vendidas para a população local. Assim, mesmo morando
em uma cidade, algumas frutas e verduras podem vir direto da horta. Se há anos eu lastimava que não tínhamos nada parecido no Brasil, hoje apenas fecho os
olhos e lembro de várias paredes verdes que se pode ver na zona da Av.
Paulista/ 9 de Julho onde são plantadas verduras. A população que mora em uma
zona muito central de São Paulo achou uma forma de ter hortas verticais.
O Império Britânico ocupou uma enorme área na Ásia e Oriente
Médio. Ao final da 1ª Guerra Mundial as terras do Império Otomano foram
divididas entre a França e a Grã-Bretanha. Na Conferência de San Remo (19 a 26
de abril de 1920) ficou acordado que os franceses assumiriam o controle do que
é hoje Líbano e Síria e os Britânicos ficariam com o que hoje é Israel, Jordânia,
Iraque e Kuait. Os israelenses têm uma memória vívida dos ingleses. Quando
acompanhamos a problemática política, a memória sempre nos parece negativa.
Mas...
Nestes dias que seguem o falecimento da Rainha Elizabeth II
z’l, observei que independente do ambiente, o nome da rainha é mencionado e honrado.
O mesmo vejo acontecer com o Rei Charles III na casa de parentes e amigos,
entre amigos pesquisadores no Instituto Weizmann de Rehovot e nas ruas.
Conversando com colaboradores do Brasil, fica evidente que o tema é universal,
mas o grande envolvimento é local.
Ao ler os textos do Editorial da EshTáNamída da semana passada e
também seguir os noticiários, fica muito evidente que há uma relação direta da
Casa Real Britânica atual e os judeus. Há um reconhecimento das ações da Rainha
Elisabeth II z’l para a abertura das fronteiras inglesas para adultos e
crianças que fugiam do nazismo e mais recentemente, uma importante amizade com o
então Rabino Mór da Grã-Bretanha Jonathan Sacks. O atual Rei Charles III
partilha das mesmas conexões e quando visitou Israel fez questão de ir a Yad
Vashem, onde se relembra os mortos pelos nazistas e se homenageia e reverencia
os que salvaram vidas. Rei Charles III homenageou a todos de forma geral, e em
particular sua avó a Princesa Alice da Grécia, que dedicou sua vida aos menos
necessitados e que é uma “Justa entre as Nações”.
Tudo o que escrevi já foi escrito milhares de vezes nestas
semanas – qual a diferença então? Escutei parte da história do tintureiro, uma
outra da moça do supermercado, que era mulçumana, e mais um pouco de um rapaz
que estava esperando o trem. Pessoas da família contam e recontam a mesma
história, e cada um, na dependência de quando emigraram para Israel ou se aqui
nasceram, têm memórias diferentes. Os fatos relatados variam, mas o respeito
pela Casa Real Britânica é quase unânime e isolado da política inglesa em
relação a Israel e ao Oriente Médio.
Fico com a sensação que apesar de tudo de
negativo que vemos e ouvimos, a Voz do Povo consegue filtrar décadas de informação
e vivência e saber que a vida não é uma moeda de dois lados, mas um prisma
magnífico que sabe filtrar uma quantidade infinita de ondas, e em algum momento
destilar o lado positivo.
Saudades de todos e que este mês de Elul, além de permitir
reconciliações, permita que filtremos o bom de todas as nossas vidas.
Regina P. Markus
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