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segunda-feira, 12 de setembro de 2022

VOCÊ SABIA? - A arte saqueada pelos nazistas

 

Nova York – Mostra de Arte Saqueada pelos Nazistas contou uma história judaica perdida e agora recuperada.

Por Itanira Heineberg


“Afterlives: Recovering the Lost Stories of Looted Art”

Exposição 20 de agosto de 2021 a janeiro de 2022


Detalhe de "Purim", de Marc Chagall, pintado por volta de 1916-1917. (Philadelphia Museum of Art, Filadélfia. © Artists Rights Society (ARS), Nova York / ADAGP, Paris/ Museu Judaico NYC)

Esta tela vibrante de Chagall foi retirada do museu alemão de Essen como uma obra degenerada, mas misteriosamente passou às mãos de um colecionador de arte em Berlim, membro do partido nazista.


Você sabia que durante a Segunda Guerra os nazistas, com determinação e disciplina, saquearam um número incontável de obras de arte e peças de domínio cultural para enriquecer o futuro Terceiro Reich e apagar os rastros da identidade e cultura judaica?

Ainda que um número exorbitante de peças esteja faltando, mais ou menos um milhão de obras de arte e dois milhões e meio de livros já foram recuperados até o momento.

O objetivo desta mostra em Nova York foi trazer à luz um assunto pouco conhecido da história: o saque das obras de arte e de objetos culturais dos judeus pelos nazistas, a desaparição dos mesmos e a consecutiva reaparição em locais de destaque, museus e galerias, encantando a todos - porém sem revelar suas verdadeiras e tristes narrativas.

Assim, 75 anos após o fim da guerra, tivemos 53 telas de arte e 80 objetos cerimoniais expostos no Museu Judaico de Nova York.


Materiais recuperados pela Jewish Cultural Reconstruction, Inc. em armazenamento no Museu Judaico por volta de 1949.

(Arquivos do Museu Judaico, Nova Iorque)


A mostra conta o trajeto das obras em meio à violência da guerra e relata em minúcias o resgate complicado, quando possível, de cada uma delas.


Henri Matisse – 1939 - “A garota de amarelo e azul com guitarra”


Duas telas de Matisse enriqueceram a exposição; a da foto acima com a garota e “As Margaridas”, tentando contar suas histórias e percalços até chegarem à mostra.

“A garota de amarelo e azul...” estava pendurada na sala da casa de Hermann Goering, no sudoeste da Alemanha, onde foi encontrada no final da guerra. Em 1942 o curador de arte Gustave Rochlitz a sequestrou do Museu Jeu de Paume, Paris, a mando de Goering.

A tela “As Margaridas” estava em Paris.

E não foram só estas! 600 mil obras foram roubadas dos judeus: além da tentativa de morte de um povo, a morte também de sua cultura e tradição.

A exposição tenta acordar o mundo, contar uma história quase incontável se levarmos em conta o pouco número de sobreviventes em condições e idade de lutar por seus direitos e pertences. Mas a Cultura Judaica sobreviveu, frutificou e resistiu à tragédia do Holocausto.

Paul Klee, Gustave Courbet, Camile Pissaro, sem esquecer da Dama Dourada de Paul Klimt.

Todas estas notícias e descobertas surpreenderam os visitantes. Algo devia ser feito para conscientizar as pessoas, trazendo luz ao Mal menos conhecido e difundido do Holocausto.

 

Placa de Seder Hierárquica (bandeja em camadas) – Polônia - séc.XVIII – XIX


Ciente de que os nazistas saqueariam a grande sinagoga de Danzig, a comunidade judaica encaixotou seus objetos rituais valiosos, ouro e prata, e enviou 10 arcas para o Seminário Teológico Judaico de Nova York. Em 1954 as peças foram devolvidas aos seus verdadeiros donos.


Bernando Strozzi, 'Um Ato de Misericórdia: Dando Bebida aos Sedentos' pintado na década de 1620. (John and Mable Ringling Museum of Art, o State Art Museum of Florida, Florida State University, Sarasota/ Jewish Museum NYC)


“Legisladores da cidade de Nova York descobriram: as pesquisas   mostraram que os nova-iorquinos mais jovens não sabiam dos fatos básicos sobre o genocídio. Uma pesquisa de 2020 da Conferência de Reivindicações, que representa os judeus que buscam compensação pelo Holocausto, constatou que 60% dos nova-iorquinos não sabiam que seis milhões de judeus foram assassinados; 58% não poderiam nomear um único campo de concentração; 19% acreditavam que os judeus causavam o Holocausto; e 43% não sabiam o que era Auschwitz.”


“Batalha na Ponte” – Claude Lorrain

Tela vendida sob coação e reservada para o futuro museu pessoal de Hitler, que nunca veio a existir.



Em agosto 2022 a governadora do estado de Nova York Kathy Hochul assinou um trio de projetos de lei do Holocausto, incluindo um que exige que museus rotulem obras de arte saqueadas sob o regime nazista.”


Tropas americanas encontram uma coleção inestimável de arte saqueada escondida no Castelo de Neuschwantstein em Fussen, perto da fronteira suíça na Áustria, maio de 1945.



A nova Lei Estadual de Nova York está exigindo de seus museus que rotulem as obras de arte saqueadas, contando aos visitantes sobre a dor e tristeza daqueles que as possuíam ao perdê-las assim como ao perder suas casas, suas vidas, suas identidades.

Desde 1994 a educação sobre o Holocausto tornou-se matéria obrigatória nas escolas do estado, mas pelo que se viu nas pesquisas realizadas esta demanda não está sendo muito eficiente.

Os principais museus de arte da cidade - Met, MAM, Guggenheim - têm em mente aplicar a lei no intuito de diminuir este fluxo ilegal.

O que faria um curador de arte ao receber telas sequestradas famosas dos mais famosos pintores em troca de benefícios fiscais?

Esta exposição representou um lembrança funesta da história da arte saqueada durante o Holocausto e contou ao mundo insensível, que não quer ver nem ouvir, mais uma página de atribulação e injustiças do Povo Judeu.


“As Margaridas” – Henri Matisse – 1939



FONTES:

https://www.timesofisrael.com/nyc-exhibit-of-nazi-looted-art-tells-a-tale-of-jewish-loss-and-recovery/

https://www.timesofisrael.com/new-york-law-on-nazi-looted-art-aims-to-shine-light-on-lesser-known-holocaust-evil/?utm_source=The+Daily+Edition&utm_campaign=daily-edition-2022-09-02&utm_medium=emailrecovery/


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