Por Juliana Rehfeld
17 dias do Omer ao anoitecer.
Lembro que esta contagem dos 49 dias entre Pessach e Shavuot marca um período de transformação, de purificação. Se a saída do Egito nos levou do cativeiro à liberdade física, o recebimento da Torá em Shavuot nos levará à "libertação espiritual". Tomara.
Falando de saída de cativeiro para a libertação, foi lançado esta semana em Bangladesh o relatório sobre a migração mundial, World Migration Report 2024, que diz que “a migração continua a ser uma solução importante num mundo que muda muito rapidamente, mas há muitos problemas ainda a corrigir”… o último retrato é que existem 117 milhões de pessoas deslocadas no mundo, entre as quais 35.3 milhões são refugiados. Acrescento eu que a definição de refugiado é aquele que é forçado a sair de seu país para escapar de guerra, perseguição ou desastre natural, o que aconteceu na proclamação da independência de Israel em 1948 a parte dos cerca de 700 mil árabes que saíram. Digo parte porque a maioria saiu por apelo dos países árabes que avisaram que deflagrariam uma guerra contra o novo país. Os árabes que ficaram são hoje cerca de 2 milhões de cidadãos com plenos direitos. Os que saíram não foram integrados pelos países que os incentivaram a sair, ficaram “represados” na chamada Cisjordânia e em Gaza e hoje somam 5 milhões de chamados “refugiados palestinos”, subvertendo as definições. Espanta que o relatório deste ano ainda liste um país como “Territórios Palestinos Ocupados” com a bandeira palestina! E continua espantando o fato de que, mesmo com este grosseiro erro de definição de quem é refugiado, se usarmos o número de 5 milhões, são 14% de todos os refugiados no planeta. Mas o orçamento da Acnur - Agência da ONU para Refugiados é (2022) USD 1.17 bilhão x USD 880 milhões da entidade criada somente para os “refugiados palestinos”, a UNRWA. E todos lemos recentemente o escândalo da corrupção e do envolvimento antiético (para não dizer "criminoso”) dos funcionários da mesma agora na guerra contra Gaza…
Mas a maioria da população mundial pouco se aprofunda ou pesquisa, os números são reproduzidos sem questionamentos e vão propagando falsos dados mesmo em relatórios que se pretendem sérios e que fazem, de maneira geral, um bom trabalho. A humanidade esquece, a mídia e as próprias universidades esquecem… Esta semana também foi divulgada uma carta dos estudantes judeus da Universidade de Columbia com uma longa lista de assinaturas que continua crescendo, posicionando-se, “de próprio punho” contra o preconceito e violências a que foram e são submetidos pelos manifestantes pró-Hamas. Não querem ser usados politicamente por nenhum dos partidos que estão disputando eleições e nenhuma mídia distorcida!
E sobre esquecimento….
Aconteceu domingo 5 de maio Iom ha Shoah, Dia do Holocausto. É sempre emocionante a cerimônia anual na Polônia, a Marcha da Vida, na qual sobreviventes e famílias caminham os 3200m entre o campo de Auschwitz e as ruínas das câmaras de gás em Birkenau, contrapondo-se ao original sentido da Marcha da Morte, percorrido por tantas vítimas. Neste ano o evento foi “tingido” com as tristes cores do 7 de Outubro. Participaram da Marcha sobreviventes dos nazistas que moravam no kibutz Beeri, cuja população foi majoritariamente assassinada pelo Hamas em 7 de Outubro. É inimaginável a dor dessas pessoas é impressionante a força que conseguiram ter para manifestar-se na cerimônia! Assista aqui ao vídeo.
A maioria das pessoas que participam nesta cerimônia são jovens, judeus ou não, guiados por programas educativos que cumprem a missão de “lembrar para o futuro”, isto é, lembrar e aprender para que isso não se repita no futuro. Podemos nos perguntar se temos sido eficientes nestas ações, agora à sombra da recente barbárie, e sobretudo, à sombra das reações atuais a Israel pelo mundo e o crescimento do antissemitismo, mas o fato é que não podemos parar. Precisamos incorporar os fatos novos, e as reações a eles, refletir sobre tudo isso, e fazê-lo, sempre, com os jovens. Responder a perguntas cada vez mais difíceis, e seguir contínua e permanentemente…
O Iom haShoah abre um período de lembranças e homenagens que vai até Iom HaAtzmaut na próxima semana. A passagem tem um fluxo otimista pois, afinal, após o Holocausto Israel foi fundado e mantido, a duras penas, com grandes perdas que lembramos no domingo próximo, no Iom Hazicaron, Dia da Memória, pelos soldados e vítimas do terrorismo, mas culmina no dia da Independência celebrado na terça que vem. Todos esses eventos estarão marcados pelo 7 de outubro, evidentemente, e muito temos de repensar e analisar, sobretudo da perspectiva do que fizemos errado, o que precisa ser modificado, o que precisa ser acrescentado nos programas educativos, para que cada vez mais tenhamos menos mortes a lamentar, de qualquer pessoa, dentro de quaisquer fronteiras, e mais festas a celebrar.
Amém. Shabat Shalom.
Boa, Juliana. Bem completo e facil de entender. Shabat shalom! MM
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