Contar e Recontar – Narrar e Informar
283 ⚔️, 🧨, 11 dias do OMER
Hebraico é um idioma com muito simbolismo. Uma rede de conexões que expõe uma forma de pensar milenar. Quando este tema é tratado com retoques de academia ou intelectualidade, sempre surpreende. Quando este tema é vivenciado muitas vezes ASSUSTA. Nos dias de hoje chamo a atenção da palavra SEFER (lê-se "seifer") – Livro. Esta palavra pode ser encontrada também como SEFIRÁ (lê-se "como está escrito") – Contagem. Em português a palavra “contar” também tem os dois mesmos significados. Estamos no período da contagem do OMER – 49 dias (7 x7) que separam Pessach de Shavuot, e estamos vivendo a contagem dos dias – hoje é o dia 283 – em que reféns sequestrados em Israel estão em Gaza, vivendo e morrendo em condições sub-humanas, ou melhor, desumanas. TORTURA é pouco! E são estes os dias que sofremos uma difamação inimaginável. Nas últimas semanas descobrimos que esta difamação está sendo orquestrada em todo o mundo para cumprir os objetivos do governo islâmico do Irã e os estatutos dos grupos terroristas Hamas. Vamos viajar por estes mares “muito” dantes navegados.
A partir do segundo dia de Pessach é iniciada a contagem do Omer, um período de 49 dias entre a comemoração da saída do Egito e o recebimento da Torah e dos Dez Mandamentos no Monte Sinai. Dez Mandamentos, os Dez Dizeres, os Dez Comandos que D’us também apresenta no Monte Sinai e que foram objeto de tantos filmes, quadros e ilustrações. Entregues em duas versões, a primeira quebrada em circunstâncias dramáticas quando o povo se divide e a segunda entregue com pequenas alterações. Estas 7 semanas estão relacionadas com um período para reflexão e, se possível, crescimento intelectual. As sete semanas que separam a festa de Pessach da festa de Shavuot (semanas). É interessante lembrar que Shavuot é a única festa judaica que não tem data estipulada no calendário. Começa no dia 50 da contagem de Ômer. Isto quer dizer, precisamos contar dia a dia, prestar atenção no caminho de forma que ao seu final possamos contar o que aconteceu.
Este ano a passagem dos dias ganhou um aspecto muito especial. O 11º dia do Ômer coincide com o 283º dia após o fatídico 7 de outubro de 2024 – ou Simchat Torá de 5784. Duzentos e oitenta e três dias – e a pergunta que não cala é quando vai terminar? Muito aconteceu nestes dias e podemos dizer que eles têm sido narrados de acordo com interesses políticos e ideológicos. Escrever se torna mais penoso a cada semana. Durante muitos dias consegui que a emoção não passasse de uma sensação controlável, mas os últimos desdobramentos vêm dando a mim a impressão que o fim do túnel ainda está longe.
A brutal invasão do Hamas no dia 7 de outubro foi planejada e desenhada com muito cuidado, por líderes que tem um objetivo destilado ao longo dos anos. O objetivo é acabar com o Estado de Israel. E hoje este objetivo foi ampliado – eliminar os judeus. Trazer de volta os mitos e as mentiras que vêm acompanhando o povo judeu desde que o romanos arrasaram com o Reino de Israel e criaram a Palestina, arrasando Jerusalém e trocando seu nome.
Hoje acompanhamos as manifestações (que nome outro poderíamos dar?) nas Universidades ao redor do mundo, com um destaque muito importante para as universidades americanas. Um movimento que vem sendo orquestrado há anos. Para formar um bando que em uníssono fala mentiras sobre Israel e os judeus sem pestanejar é preciso formar uma cultura que impeça o uso da razão. Em outras palavras, ligar um piloto automático. Esta semana foi destacado que além de grandes somas em dinheiro que os países mulçumanos aplicaram nas universidades americanas, eles direcionaram estas verbas para a formação de cátedras, com titulares escolhidos a dedo e que teriam a capacidade de formar uma cultura antissemita. Estas palavras que acabo de escrever são muito diretas, e certamente causariam suspeitas e reações tipo anticorpos. A solução encontrada foi brilhante. Introduziram a cultura mulçumana com seus aspectos positivos, e ao mesmo tempo foi introduzida uma falsa verdade da relação entre Israel e os chamados palestinos de Gaza. Povo sofrido que vem servindo há anos de escudo para o Hamas. A faixa de Gaza foi administrada pelo Egito até 1967. Posteriormente manteve a fronteira fechada e resguardada. Hoje percebemos que tinha noção do que era o Hamas. Esta liderança que não é uma unanimidade entre os cidadãos de Gaza mantém a população como um escudo humano e treina esta população para não só odiar Israel, mas ser capaz de torturar e matar seus cidadãos. Vimos tudo isso acontecer no 7 de outubro.
Os cursos ministrados por décadas ao redor do mundo formaram pessoas que poderiam reagir assim que convocadas. Neste último mês de abril vimos o resultado deste excelente trabalho de formação de opinião. O antissemitismo aflorando de forma direta, e as manchetes sobre os eventos são em muitos de nossos jornais favoráveis ao que está acontecendo - apesar que a matéria em si possa ser um pouco menos condescendente. Nas últimas duas semanas, em muitos destes textos publicados em jornais de grande circulação no Brasil, vemos que o último parágrafo sempre dedica uma frase ao Primeiro-ministro de Israel. Portanto, começa com uma manchete antissemita ou anti-Israel e termina apontando um político que responde por Israel. Estes são mares "muito" dantes navegados. Só que agora os buques são muito mais modernos que a Caravelas de Camões e as armas da Santa Inquisição. Suas armas e armadilhas ainda têm que ser decifradas.
CONTAGEM – contar e recontar! Sabemos como contar o Ômer, mas não sabemos quando este período vai poder ser contado em números. No momento só podemos contar o que recebemos como notícias ou de conversas particulares. E é nestas que encontramos a certeza que as águas da vida encontraram uma maneira de formar novamente importantes rios que geram inovação, conhecimento e bem-viver. É na resiliência do dia a dia, cada um de sua forma. É na semelhança do discurso dos que estão servindo o Exército de Israel e também nas muitas diferenças que existem dentro de um estado verdadeiramente democrático composto por muitas etnias, religiões e culturas. A diversidade do Estado de Israel é uma fortaleza inexpugnável, porque é capaz de reagir das mais diferentes formas.
Ser um povo é o que D’us propôs aos judeus em Pessach. Ser um povo entre os povos é o que D’us propôs no Sinai. Que ao chegar ao final desta contagem de Ômer, possamos também ter os reféns de volta a Eretz Israel que seguirá sendo um país inovador e um país que amplia a sua população por abrigar gerações passadas e futuras. Um país que continuará fazendo história.
Am Israel Chai
Regina P. Markus
Como sempre…. Explicativo, informativo e aprendendo de cada frase…. Obrigada Re por uma mensagem tão boa!
ResponderExcluirDe novo um o
ResponderExcluirDe novo um ótimo texto, parabéns Regina
Excelente texto. Cada dia o cerco se fecha mais um pouco ao redor dos judeus. Ou sou só eu que está sentindo isso? Falamos de Columbia, Yale, mas não falamos da USP, da PUCC... O Irã está aqui também. Precisamos falar sobre a nossa situação, aqui no Brasil. E se possível, com a clareza e objetividade desse texto acima.
ResponderExcluirEsqueci de assinar o comentário, desculpem.
ExcluirRegina! Como sempre sua coluna é fantástica! Fico muito feliz e honrado em ser seu amigo!
ResponderExcluirEsteja com D´us.
P.S.: Essa sua coluna é fonte de grande inspiração. Minhas próximas colunas já estão garantidas! ;-)
Amen!! Que assim seja, Rê!
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