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sábado, 13 de janeiro de 2018

Editorial: Dia Internacional em Memória do Holocausto

HINO DOS PARTISANS


Polônia – segunda Guerra Mundial

Nunca digas que este é o último caminho,
Ainda que nuvens de chumbo toldem o azul do céu.
Chegou a hora que tanto esperávamos.
Marchando ao som de tambores – aqui estamos!
Da terra das verdes palmeiras, aos recantos cobertos de brancas neves,
Viemos com a nossa dor, a nossa determinação
Onde quer que nosso sangue tenha sido derramado,
Nossa fé e o nosso valor hão de brotar.
Um dia o sol brilhará sobre nós,
Enquanto o inimigo desaparece no passado.
Mas se a alvorada tardar demais,
Que esta canção seja uma bandeira de geração em geração.
Ela não foi escrita com tinta, mas a sangue.
Não é o canto de um pássaro em liberdade.
Um povo entre muralhas que tombam,
Cantou esta canção de armas na mão!
(Tradução: Israel Blajberg)




Paul Roberson (1898-1976) Cantor negro americano, bisneto de judeus portugueses, cantando em Moscou (1948) o hino dos partisans.



De acordo com a resolução 60/7 da Assembleia Geral das Nações Unidas de 1o. de novembro de 2005, o dia 27 de janeiro foi escolhido Dia Internacional em Memória do Holocausto. Neste dia, no ano de 1945, as tropas soviéticas entraram no Campo de Concentração/Extermínio de Auschwitz-Birkenau. Os olhos de cada soldado testemunharam o indescritível. Um dos momentos mais negativos da História da Humanidade. Esqueletos vivos, homens adultos pesando cerca de 30 a 40 kg e submetidos a vidas inomináveis. Pessoas que viram e viveram horrores que demoraram muitos anos para contar. O complexo de Auschwitz foi o maior campo de extermínio nazista, mas não foi o único. Nestes campos foram mortos ciganos, homossexuais... poderíamos continuar a lista como uma ladainha. Mas o grande alvo dos nazistas foi o Povo Judeu; um dos objetivos da Alemanha nazista era exterminar o Povo Judeu, era chegar a uma 'Solução Final'.

Esta não foi a primeira vez na história que um Estado legítimo e reconhecido por outras nações resolve exterminar judeus. Desde a queda de Jerusalém no ano 70, isto vem acontecendo sistematicamente e o nazismo foi a forma como o antissemitismo se manifestou no século XX. Nos últimos 78 anos muitas histórias foram contadas, histórias pessoais, histórias documentadas, histórias orais. Há relatos de prisioneiros judeus e não judeus, de delatores e de salvadores, de soldados que praticaram o genocídio e aqueles que acabaram com os campos. Entre os relatos, nos últimos anos começaram a surgir romances históricos que unem relatos de sobreviventes e fatos comprovados por documentos com fatos romanceados para permitir que o leitor imagine de forma vívida o que se passava nos trens de transporte e nos campos. Nos romances das décadas de 1950-1960 encontramos relatos ainda muito recentes e quase todos ainda estavam no período de inventariar os fatos, mais recentemente os romances encontram a distância do tempo e alguns se tornam mais pessoais, quase que transmitindo os horríveis odores e sons e traçando a vida dos sobreviventes e de seus descendentes. No ano de 2017, a escritora brasileira Luize Valente lançou o livro Sonata de Auschwitz - que já comentamos em um editorial recente.

Hoje, gostaríamos de trazer para vocês uma música daquele período que mostra um pouco porque a Memória do Holocausto tem que incluir o pensamento dos que lá estavam e que apesar de muitas vezes não poderem escolher A VIDA pessoal, mostram o caminho e traçam as bases para A VIDA do Povo Judeu. Estes homens e mulheres do Gueto de Varsóvia, que compuseram e viveram este hino, representam a Essência do Judaísmo: Não se muda o mundo por ideias impostas à força, mas pela força das ideias. Mas apenas ideias não são suficientes para mudar o mundo; estar presente, estar comprometido e estar disponível - essas, sim, são as formas com que Abrão e Moisés responderam à D’us quando chamados. HINEINI – aqui estou. Neste hino cantado por aqueles que sabiam que sua força física era muito pequena, mas que deveriam deixar um exemplo no plano das ideias, há o comprometimento total com a Vida – AQUI ESTAMOS.

O Levante do Gueto de Varsóvia ocorreu em 1943. O primeiro dia que os judeus saíram nas Ruas do Gueto para combater o exército nazista foi 18 de janeiro e a sinagoga do Gueto foi incendiada no dia 16 de maio. Não havia mais nas Ruas do Gueto qualquer pessoa que exibisse a estrela de David amarela. O mundo livre teve muitos anos para combater diretamente os campos de extermínio. Bombardear Auschwitz era uma decisão política. Mas como o mundo faz hoje com o Estado de Israel, ele fez no século passado com os judeus europeus. Mas os oprimidos encontraram diferentes formas de expressar suas ideias e confirmar sua certeza que a geração seguinte chegaria.


Leia a letra deste Hino que, apesar do desespero, une a mensagem de uma juventude que não se abate frente ao inimigo implacável, mas que sabe que a luta não é de hoje, tem que ser preservada e levada de geração em geração e que mesmo se cada um dos que pegaram em armas morressem, o hino dos partisans trazia a mensagem da sobrevivência. As próximas gerações têm que receber não apenas as descrições dos fatos, mas também a herança da continuidade.



Regina P Markus, Marcela Fejes, Juliana Rehfeld

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