O Presente:
um momento entre o Passado e o Futuro
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Quando falamos da antiguidade pensamos em uma época que nos remete ao
Egito dos Faraós e às pirâmides que ainda repousam no Vale do Nilo; a Atenas, a
Esparta, aos Jogos Olímpicos e aos grandes filósofos. Também lembramos da
Mesopotâmia e toda a primeira grande revolução científica do mundo. Alguns
lembram da longa história dos chineses que tem registro de mais de 5.000 anos.
Mas poucos vão comentar sobre os judeus.
No entanto, a maioria de nós já leu ou
ouviu falar da Bíblia que relata exatamente a história dos judeus. Fica, então,
a dúvida: por que não estudamos a história dos judeus na escola? Por
que nunca ouvimos falar das importantes contribuições que o Povo de Israel fez
durante a antiguidade? Certamente a apropriação da história dos judeus pelas
religiões que se originaram destes ensinamentos é a resposta mais direta, mas
devem existir muitas outras, entre elas o fato de que os judeus que existem
hoje são descendentes dos mesmos judeus que habitaram a Terra de Israel até o
ano 70 da era comum, quando se iniciou o longo exílio imposto por Roma.
Mas como é possível fazer esta
afirmação? Há “provas científicas” em que podemos basear esta afirmação. Hoje,
dia 1º de janeiro de 2018, será o dia das perguntas. “Prova científica” é um
termo que a ciência rejeita, porque a ciência avança através do teste de
hipóteses, isto é, do teste de perguntas e toda a resposta é válida. Se a
hipótese é rejeitada, seguimos em frente por um caminho mais adequado, e se a
hipótese não é rejeitada, os cientistas vão continuar testando na base de novos
conhecimentos e novas tecnologias. E, desta forma, se a hipótese resistir aos
vários testes, cada vez mais estamos confiantes que nossa pergunta original
deve ser aceita, e neste caso passamos a ter uma teoria.
Há vários estudos arqueológicos que
mostram a existência do Povo Judeu na época bíblica, e as diversas narrativas
que são introduzidas ao longo do caminho. Há vários estudos mostrando a
relação do Povo de Israel com a chamada Terra Prometida. Ao longo deste ano de
2018, vamos mostrar alguns destes estudos nas nossas diferentes sessões. Mas na
nossa opinião, a prova mais contundente e a mais inspiradora para nós,
brasileiros, neste início de 2018 é a que define por que um povo disperso pelos
5 continentes, e que tem pessoas de diferentes etnias, é capaz de manter a sua
história e a sua tradição e, principalmente, é capaz de se reconhecer ao longo
da história.
Um judeu negro da Etiópia ou do Iêmen é
reconhecido como tal pelos europeus e pelos chineses, e vice-versa. Pessoas
muito diferentes quando se usa como base de comparação a cultura ocidental, mas
que guardam traços comuns que permitem que se identifiquem, mesmo que outros
creiam que são completamente diferentes. Serão hábitos alimentares? Serão
hábitos de higiene? Em determinadas circunstâncias até pode ser. Muitos judeus
seguem até hoje as recomendações bíblicas quanto ao preparo de alimentos e
quanto à obrigatoriedade de lavar as mãos antes de tocar nos alimentos, ou após
visitar cemitérios. Mas, são muitos, não todos.
Qual será a força motriz que, no caso
dos judeus, transformou o presente em um hiato entre o passado e o futuro?
A resposta aceita por todos os judeus e por muitos que convivem com os judeus é
a importância dada à EDUCAÇÃO somada ao conceito de TIKUN OLAM.
Ensinar aos filhos, de geração em geração, o que sabemos: a principal herança, aquela que nenhuma
perseguição pode retirar. É o saber de uma geração transmitido à próxima. E
nesta frase está o conceito de TIKUN OLAM. Olam quer dizer mundo – e TIKUN – que
precisa de mais do que uma palavra para traduzir – quer dizer conserto,
alteração, e, portanto, mudança. O mundo está em contínua evolução e cada
geração deixa a sua marca. Esta, e mais todas as anteriores, devem ser
repassadas para as próximas. O futuro deve ser baseado no passado e deve conter
o presente. A negação do presente implica em descontinuidade e é neste hiato
que as culturas são extintas.
Concluindo, o que transforma o presente
em um momento de união entre o passado e o futuro é a obsessão do Povo Judeu
pela educação e por considerar que cada geração representa uma continuidade. Talvez seja
esta a razão da longa sobrevivência, independentemente dos longos anos de
diáspora terem somado ao povo original muitas etnias incluídas ao longo dos anos. Povo Judeu é um povo unido ao longo do tempo por sua herança cultural.
2018 – o ano da EDUCAÇÃO e do
CONHECIMENTO.
Qualquer explicação para esse proposital esquecimento foi cuidadosamente rotulado de "teoria da conspiração"... A ciência corrobora o que o poder dominante pede. É só ler Bourdieu ou Feyerabend.
ResponderExcluirMarcos Ariel, o comentário acima abre o horizonte. No momento não tenho como encarar a tarefa de ler as duas teorias. No entanto, considerando o que sei sobre o rótulo "teoria da conspiração" é provavel que possa se encaixar na primeira parte deste editorial, quando nosso objetivo foi traçar um panorama mostrando que poucas vezes os judeus atuais são identificados com os judeus da antiguidade.
ResponderExcluirMas, a mensagem que colocamos no ar é mais ampla que buscar razões porque os judeus tem sido obrigados a lidar com fatos adversos. A mensagem é mostrar algo além da simples reação a uma agressão, mas sim a um estilo de "sobrevida". O estilo é conhecimento - busca, entendimento e transmissão. Traduzindo, ciência, tecnologia & educação.
Não apenas a educação formal que pode ser transmitida nas escolas, mas uma educação não formal que transmite valores ao longo das gerações.
Considerando esta generalização do método, o conteúdo deveria ser particularizado para cada grupo e com isto poderíamos manter continuidade da diversidade e criar sociedades realmente plurais.
Obrigada por "cutucar" e uma boa semana