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quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Editorial: JUDEUS PELO MUNDO

JUDEUS PELO MUNDO

Conservando a essência e incorporando hábitos, costumes e genes


Tempo & Espaço – as duas grandezas físicas que se encontram no presente, mas que se relacionam através da história ou que podem ser igualadas se o observador estiver se movendo na velocidade da luz. Tempo & Espaço são grandezas finitas, mas se observadas por largos períodos podem se confundir com a eternidade. Os judeus têm estado presentes neste planeta há muitos anos. No encontro entre os dirigentes da China e de Israel em 2017, ambos comentavam que havia grande diferença entre o tamanho de cada um dos povos, mas que do ponto de vista de tempo eles se assemelhavam. Uma outra diferença interessante é que os chineses, que somam mais de 1,5 bilhão de pessoas e ocupam um vasto território (9.750.000 km2) bem delimitado, podem ser identificados por características faciais. Os judeus, no século XXI, têm um minúsculo território (20.700 km2), que ainda é questionado, e a maioria dos judeus do mundo nasceu fora do território de Israel, assim como seus avós, bisavós e tataravós. Os judeus hoje somam aproximadamente 14 milhões de pessoas. Um número menor que os habitantes da Grande São Paulo. Apesar disso, são uma população que tem grande visibilidade ou que tem visibilidade nula. COMO? A frase anterior é totalmente incoerente. A frase anterior admite duas situações que aparentemente são mutuamente exclusivas. Vamos decifrar.

Para cumprir a missão de divulgar o Estado de Israel e combater o impressionante antissemitismo focado no desejo dos judeus de terem um pedaço de terra neste planeta, e, portanto, poderem ser definidos tanto no tempo quanto no espaço, vamos dedicar algum tempo para esclarecer fatos sobe os judeus da diáspora.

A maioria dos leitores conhece parte da trajetória judaica na diáspora e conhece o nome de alguns judeus importantes como Einstein, Freud e Sabin. O primeiro revolucionou a física mostrando de forma muito elegante em que condições o espaço se transforma em tempo; o segundo criou a psicanálise; e o terceiro, a vacina contra a paralisia infantil. Certamente também não há dificuldade em encontrar muitas pessoas que sabem que os judeus europeus foram deslocados em massa no século XX pelos regimes czarista (1890 – 1917), nazista (1933-1945) e comunista (1948 – 1991) e que acabaram chegando nas Américas e também criando o Estado de Israel, um sonho acalentado por quase 2000 anos, desde a expulsão dos judeus de Jerusalém pelos romanos, quando a Terra de Israel passou a ser chamada de Palestina e sua capital Jerusalém de Aelia Capitolina.

Os judeus europeus costumam ser divididos em dois grandes grupos: os ashkenazis e os sefaradis. Os sefaradis habitavam a Península Ibérica até a expulsão pela Inquisição Católica. Na sua maioria, o destino dos que não se converteram foram as terras banhadas pelo Mar Mediterrâneo, tanto na Europa quanto na África. Encontramos judeus sefaradis nos países árabes como Marrocos, Líbia, Egito, Líbano e Síria. Também na Turquia, Itália, Bósnia-Herzegovina, Grécia. Estes judeus, além de manter o Ladino - idioma com base no castelhano com influência marcante de português, hebraico e catalão - também mantiveram o hebraico.
A sessão “Você Sabia?”, escrita pela nossa colaboradora Itanira Heineberg, tem apresentado vários aspectos interessantes sobre os judeus de Portugal.

Já os ashkenazis são os que passaram pela Alemanha na Idade Média e depois se deslocaram para os países do leste Europeu. O dialeto próprio destes judeus é o iídiche, que tem como base o alemão medieval, mas é recheado de hebraico e dos idiomas de diferentes países como Polônia, Lituânia, Ucrânia, Moldávia, Romênia, etc. Muitos são os hábitos que os judeus ashkenasis incorporaram dos países em que viveram, mas o mais curioso é a indumentária. Os judeus ortodoxos são facilmente identificados por seus ternos escuros, chapéus e capas pretas longas. Esta indumentária usada por nobres poloneses do século XI acabou sendo incorporada e agora é utilizada em países de clima quente, como Israel e Brasil.

Além dos askenazis e sefaradis, também há muitos outros grupos judaicos. Em Roma encontramos ainda hoje judeus que se autodenominam 'romaniots'. Estes chegaram ainda nos tempos da Roma Antiga, e o Museu Judaico de Roma tem um vasto material documentando este grupo que ainda hoje é muito atuante na vida da cidade e mantém atualmente boa relação com o Vaticano.

Saindo do continente europeu, e sem entrar no continente americano, que é nosso conhecido, vamos nos aventurar na Ásia e África. Os judeus da Ásia, que habitaram principalmente Iêmen, Iraque e Pérsia, são conhecidos como 'misrarrís' (orientais). A maioria deles foi expulsa durante o século XX. Os antepassados dos misrarrís chegaram a estes países na antiguidade e ali habitaram por 2000 a 2500 anos. Destes locais, trouxeram características étnicas e hábitos e costumes ligados à culinária, indumentária, música e relações familiares. Deste grupo, os judeus iemenitas são os menos conhecidos por nós. É no Iêmen que ficava a terra dos midianitas, o povo de pele mais escura que foi liderado por Ietro, o único homem que mereceu ser honrado com uma parashá (capitulo) da Torá. Ietro, o sogro de Moisés, o conselheiro que idealizou a Sanédrio, a assembleia de homens experimentes que deveria ajudar Moisés a reinar. E hoje, quando pesquisamos sobre os judeus no Iêmen, há várias hipóteses; algumas levam à conclusão de que os judeus do Iêmen poderiam ser os que não entraram na Terra Prometida junto com Josué. Certamente estiveram lá por muitos anos, e vamos deixar os cientistas tratarem de datações precisas.

Olhando para o Leste, para a África, conhecemos bem os Bnei Israel, que fizeram longa caminhada da Etiópia até o Sudão para depois serem transportados para Israel por avião, em uma operação incrível. Esta população vivia no Norte da Etiópia, espalhada em 500 aldeias, e a fome instalada no país na década de 1970 fez com que fugissem para o Sudão. Em 14 de março de 1977 o parlamento israelense declarou que eram judeus e iniciou uma operação de resgate. Hoje, há em Israel cerca de 120.000 descendentes de etíopes. Se a vida destes imigrantes não foi fácil, porque teve que ser confrontada com o racismo reinante na população europeia, hoje são cidadãos israelenses. Aos judeus etíopes somam-se agora os Lamba da África do Sul e os Ibo da Nigéria. Tribos consideradas judaicas porque seguem preceitos alimentares e educacionais. Populações que, apesar de viverem isoladas em pequenas aldeias, têm seus meninos sabendo ler a Torá quando chegam aos 13 anos. Populações separadas do Povo Judeu na Antiguidade, antes de ser iniciado o Talmud e a Mishna (ano 70 da era comum), mas que guardam costumes semelhantes a europeus bem-sucedidos nas ciências, artes e finanças.

UNIR ESPAÇO e TEMPO
Na física, o observador precisa se mover na velocidade da luz: E = m.c2
Para Homens e Mulheres: passar o conhecimento de geração em geração pode vencer a separação física e temporal –

O símbolo usado para expressar a velocidade da luz na equação de Einstein é “c”

Na equação que garante a continuidade “c” significa conhecimento.


Regina P Markus, Marcela Fejes, Juliana Rehfeld

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