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quinta-feira, 5 de abril de 2018

EDITORIAL: Liberdade e Independência = Tikun Olam




Ao encerrar a festa de Pessach, que lembra a saída do Egito e a formação do Povo Judeu, são iniciados os preparativos para chegar a IOM HAATZMAUT – o dia de Independência do Estado de Israel. 3300 anos separam os eventos que são lembrados nestas datas. Há três milênios, o Povo Judeu vagou por 40 anos no deserto para chegar à Terra Prometida, a terra onde jorrava leite e mel, onde seria estabelecida uma nação pluralista formada por um povo composto por várias etnias, e que tinha como elo comum a responsabilidade de contar a história aos seus descendentes. Isto é, unir o passado ao futuro ensinando ao presente o que deveria ser transmitido.

Este ano comemoraremos 70 anos da Independência do Estado de Israel e já podemos ver sinais de muitas ações organizadas por grupos que querem eliminar o Estado de Israel do mapa para os próximos meses. Como esta é uma toada que vem sendo cantada há milênios e como tem sido suplantada de formas diferentes ao longo de todo este tempo, apenas temos que manter a vela acesa, a chama brilhando e as mentes sadias.

Esta semana duas manifestações diferentes dos principais dirigentes do Estado de Israel abordaram a temática de formas diferentes: o Primeiro Ministro, Benjamin Netanyahu, falou sobre a resiliência do Povo Judeu e sua capacidade de seguir em frente. O Presidente,  Reuven Rivlin, chama a todos para seguir a música que tem servido de fio condutor para a longa jornada.

Liberdade e Independência são mais do que palavras ou datas; são atitudes, formas de pensar e formas de ensinar. E nesta semana que liga a liberdade à independência houve várias manifestações privadas e conjuntas ao redor do mundo e entre residentes da Faixa de Gaza e do Sul de Israel que mostraram que as relações humanas são importantes. Cartas entre amigas dos dois lados da fronteira, enviadas de forma particular, garantindo que elos que poderão construir ligações futuras estão sendo mantidos apesar da forte presença do grupo terrorista que comanda as ações em Gaza. Por outro lado, aqui no nosso Brasil há grupos de judeus, cristãos, muçulmanos e laicos que se reúnem para troca de informações e experiências. Cada um mantendo a sua identidade e descobrindo que não há antagonismo em ser diferente. Muito pelo contrário – o que é válido para a Natureza – a biodiversidade, também é válido para o ser humano – que vamos chamar de humanodiversidade.  

Liberdade e Opinião – viver por 3300 anos, tendo que ao longo da história sobreviver com resiliência em alguns momentos e em outros alcançar altos cumes de realização, implica em ter a capacidade ou a responsabilidade de analisar as ações ao longo do caminho e ser capaz não só de tomar decisões monolíticas, por mais difíceis que estas possam parecer, mas também mudar de direção e de caminho quando se constata que este não era o correto. Rever posições, dar uma segunda chance, buscar novos rumos: serão estas atitudes sinais de fraqueza? É na própria Torá, chamada em português de pentateuco, que encontramos um dos mais importantes exemplos de que uma segunda chance é sempre importante. Moisés, ao descer com as Tábuas da Lei, leva um choque e as quebra; o que seria “os 10 pronunciamentos – asseret hadibrot”, assim, é perdido. Mas surge a segunda chance – e as Tábuas da Lei são entregues pela segunda vez. A própria Torá mostra que há pequenas diferenças de redação, mas o conceito é o mesmo. Assim, quando estamos lidando com fatos muito graves ser LIVRE e INDEPENDENTE pode significar mudar de opinião.

Isto foi o que fez o Primeiro Ministro de Israel em relação aos africanos que entraram ilegalmente no Estado de Israel buscando abrigo. Inicialmente, eles iriam ser redirecionados para a África. Tinha-se tentado dar um cunho positivo à decisão ao dizer que cada um receberia uma quantia em dinheiro para permitir o início de uma nova vida. Mas a população israelense não ficou convencida desta possibilidade, e ao olhar os que preferiam viver em zonas pobres de Tel Aviv a voltar para a África, sentiram na pele o que passaram em muitas outras ocasiões ao longo da história. Muitas atitudes coletivas fizeram com que o governo percebesse que os israelenses, judeus ou não, estavam dispostos a receber os refugiados africanos e dar a eles a oportunidade de uma nova vida. Desta forma, Netanyahu voltou atrás e no início da semana de Pessach e anunciou que os africanos que entraram ilegalmente receberiam abrigo.

Assim, não apenas os judeus africanos, mas os demais africanos que estão no Estado de Israel, continuarão a conviver em um país que tem sido um polo de imigração e um polo de desenvolvimento. Onde o mais longínquo passado vive num ecossistema inovador em busca de um futuro em que o EU seja uma expressão independente do TU e que juntos possam formar um NÓS.


Shabat Shalom

Comitê Editorial

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