Ao encerrar a festa de Pessach, que lembra a saída do Egito e a
formação do Povo Judeu, são iniciados os preparativos para chegar a IOM
HAATZMAUT – o dia de Independência do Estado de Israel. 3300 anos separam os
eventos que são lembrados nestas datas. Há três milênios, o Povo Judeu vagou
por 40 anos no deserto para chegar à Terra Prometida, a terra onde jorrava
leite e mel, onde seria estabelecida uma nação pluralista formada por um povo
composto por várias etnias, e que tinha como elo comum a responsabilidade de
contar a história aos seus descendentes. Isto é, unir o passado ao futuro
ensinando ao presente o que deveria ser transmitido.
Este ano comemoraremos 70 anos da Independência do Estado de Israel e
já podemos ver sinais de muitas ações organizadas por grupos que querem eliminar o Estado de Israel do mapa para os próximos meses. Como
esta é uma toada que vem sendo cantada há milênios e como tem sido suplantada
de formas diferentes ao longo de todo este tempo, apenas temos que manter a
vela acesa, a chama brilhando e as mentes sadias.
Esta semana duas manifestações diferentes dos principais dirigentes do
Estado de Israel abordaram a temática de formas diferentes: o Primeiro
Ministro, Benjamin Netanyahu, falou sobre a resiliência do Povo Judeu e sua
capacidade de seguir em frente. O Presidente, Reuven Rivlin, chama a todos para seguir a música que tem servido de fio condutor para a longa jornada.
Liberdade e Independência são mais do que palavras ou
datas; são atitudes, formas de pensar e formas de ensinar. E nesta semana que
liga a liberdade à independência houve várias manifestações privadas e
conjuntas ao redor do mundo e entre residentes da Faixa de Gaza e do Sul de
Israel que mostraram que as relações humanas são importantes. Cartas entre
amigas dos dois lados da fronteira, enviadas de forma particular, garantindo
que elos que poderão construir ligações futuras estão sendo mantidos apesar da
forte presença do grupo terrorista que comanda as ações em Gaza. Por outro
lado, aqui no nosso Brasil há grupos de judeus, cristãos, muçulmanos e laicos
que se reúnem para troca de informações e experiências. Cada um mantendo a sua
identidade e descobrindo que não há antagonismo em ser diferente. Muito pelo
contrário – o que é válido para a Natureza – a biodiversidade,
também é válido para o ser humano – que vamos chamar de humanodiversidade.
Liberdade e Opinião – viver por 3300 anos, tendo que ao longo da história
sobreviver com resiliência em alguns momentos e em outros alcançar altos cumes
de realização, implica em ter a capacidade ou a responsabilidade de
analisar as ações ao longo do caminho e ser capaz não só de tomar decisões
monolíticas, por mais difíceis que estas possam parecer, mas também mudar de
direção e de caminho quando se constata que este não era o correto. Rever
posições, dar uma segunda chance, buscar novos rumos: serão estas atitudes
sinais de fraqueza? É na própria Torá, chamada em português de pentateuco, que encontramos um dos mais importantes exemplos de que uma segunda chance é
sempre importante. Moisés, ao descer com as Tábuas da Lei, leva um choque e
as quebra; o que seria “os 10 pronunciamentos – asseret hadibrot”, assim, é perdido. Mas surge a segunda chance – e as Tábuas da Lei são entregues pela
segunda vez. A própria Torá mostra que há pequenas diferenças de redação, mas o
conceito é o mesmo. Assim, quando estamos lidando com fatos muito graves ser
LIVRE e INDEPENDENTE pode significar mudar de opinião.
Isto foi o que fez o Primeiro Ministro de Israel em relação aos
africanos que entraram ilegalmente no Estado de Israel buscando abrigo.
Inicialmente, eles iriam ser redirecionados para a África. Tinha-se tentado dar
um cunho positivo à decisão ao dizer que cada um receberia uma quantia em dinheiro para
permitir o início de uma nova vida. Mas a população israelense não ficou
convencida desta possibilidade, e ao olhar os que preferiam viver em zonas
pobres de Tel Aviv a voltar para a África, sentiram na pele o que passaram em
muitas outras ocasiões ao longo da história. Muitas atitudes coletivas fizeram com que o governo percebesse que os israelenses, judeus ou
não, estavam dispostos a receber os refugiados africanos e dar a eles a
oportunidade de uma nova vida. Desta forma, Netanyahu voltou atrás e no início
da semana de Pessach e anunciou que os africanos que entraram ilegalmente receberiam
abrigo.
Assim, não apenas os judeus africanos, mas os demais africanos que estão
no Estado de Israel, continuarão a conviver em um país que tem sido um polo de
imigração e um polo de desenvolvimento. Onde o mais longínquo passado vive num
ecossistema inovador em busca de um futuro em que o EU seja uma expressão
independente do TU e que juntos possam formar um NÓS.
Shabat Shalom
Comitê Editorial
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