Alberto Dines – nasceu no Rio de Janeiro em
1932 e faleceu em São Paulo em maio de 2018
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Você sabia que a expressão “imprensa marrom”,
sinônimo de matérias sensacionalistas, publicações sem escrúpulos ou veracidade
no intuito de vender tabloides e jornais, foi pela primeira vez usada no Brasil
em 1959 pelo jornalista e repórter judeu Alberto Dines do Diário da Noite,
editor do site Observatório da Imprensa e diretor do conceituado Jornal do
Brasil?
Ainda que haja várias histórias sobre o
surgimento desta expressão, inicialmente ela provém da “yellow press” (imprensa
amarela) surgida nas trincheiras do jornalismo americano relatando o embate
entre William Hearst e Joseph Pulitzer, os coronéis da mídia nos Estados Unidos
nos finais do século XIX até o início do século XX.
Vejamos agora a evolução da imprensa amarela
à imprensa marrom aqui no Brasil:
“Em
1959, a redação do jornal carioca Diário da Noite, onde Alberto Dines
trabalhava, recebeu a informação de que uma revista chamada Escândalo extorquia
dinheiro de pessoas fotografadas em situações comprometedoras. Uma das pessoas
clicadas pela publicação sensacionalista foi um cineasta, que se suicidou.
Dines preparava, para a manchete do dia seguinte, algo como “Imprensa amarela
leva cineasta ao suicídio”, inspirando-se na expressão norte-americana. O chefe
de reportagem do Diário, Calazans Fernandes, achou o amarelo uma cor muito
suave para o caráter trágico da notícia e sugeriu trocá-la por marrom. E assim
surgiu a expressão “imprensa marrom”, para definir um tipo de jornalismo que é
feito sem escrúpulos, apenas para arrebatar o público. Além de criar a expressão, a matéria do
Diário da Noite acabou levando ao fim da revista Escândalo.”
“A
carreira de Alberto Dines no jornalismo brasileiro revela uma trajetória
bastante coerente. Desde seus primeiros passos no mercado de trabalho como
crítico de cinema e o convite para ser repórter de assuntos culturais na
revista carioca Visão, passando mais tarde pela revista Manchete e pelos
jornais Diário da Noite e Jornal do Brasil, ele parece ter optado pelo
inconformismo com a estagnação da imprensa brasileira, buscando inovações
ousadas e até impensadas, mas que influenciaram gerações de profissionais e mudaram
alguns dos rumos da história da imprensa brasileira.”
Alberto Dines viveu uma carreira jornalística
intensa com passagens pelos vários periódicos brasileiros acima mencionados,
além do Pasquim, Fatos e Fotos, trabalhando em Lisboa junto ao grupo Abril onde
lançou a revista Exame e criou o Observatório da Imprensa.
Também atuou intensamente
no magistério como professor de jornalismo na PUC-Rio de Janeiro e professor-visitante
na Universidade de Colúmbia.
Dines em 2010 |
Em mais de 50 anos de profissão, Alberto Dines
escreveu mais de 15 livros e recebeu vários prêmios literários entre eles o
aclamado Prêmio Jabuti em 1993.
Em sua trajetória jornalística Dines buscou a
crítica à mídia no intuito de produzir uma sociedade mais bem informada e justa.
Em tempos de modernidades, de “fake news e
fake silence”, quando devemos estar atentos a tudo o que lemos ou recebemos
pela mídia avassalante, não podemos vacilar nem esquecer os malefícios da
imprensa marrom que continua a imperar no século XXI.
FONTES:
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