Mazel Tov
Você sabia que o Klezmer, gênero
de música não-litúrgica judaica, desenvolvida a partir do século XV pelos
judeus da Europa Oriental, sobreviveu às destruições dos shtetls europeus, do extermínio dos guetos e
do horror do Holocausto? Após vários “revivals”, renascimentos, ele impera
soberano entre os judeus de todo o mundo, confirmando o tema de nosso último
Editorial, que mostrava que a sobrevivência do povo judeu tem origem na união
dos membros da comunidade, assim “construindo a eternidade”.
Viena 2009 |
Esta música nasceu para ser dançante, independente do tema, da
inspiração ou do estilo.
Klezmer é a primeira World Music, a primeira música do mundo.
Com sua origem na Bessarábia e vizinhanças, estendeu-se por
territórios atualmente incluídos na Moldávia, na Romênia e na Ucrânia.
Klezmer é uma palavra hebraica: “kley”, que significa
embarcação, e “zemer”, que significa melodia, referindo-se a instrumentos
musicais antigos. Durante a Idade Média o termo passou a referir-se
coloquialmente a músicos populares judeus.
Compondo sob várias restrições em culturas e séculos diferentes,
os “klezmorim”, ou músicos judeus, desenvolveram seu estilo único a partir das
variedades dos estilos musicais locais.
“Entre eles, com
proeminência estão os moldes Turco Otomanos, os Ciganos dos Balcãs e os vários
estilos das clarinetas.
Com o advento do
movimento Chassídico nos anos 1750, o acervo klezmer foi acrescido de um
suplemento infindável de melodias e danças baseadas no “nigunim”, melodias de
orações sem palavras. O resultado foi um estilo apaixonado e comovente, refletindo
a espiritualidade do Chassidim.”
Ao se formarem os primeiros grupos, a maioria dos instrumentos
era de corda - especialmente o violino - do qual os músicos judeus são mestres.
O lema dos músicos era “tocar klezmer até as cordas se
partirem”. Havia também um címbalo, um contrabaixo e uma flauta. Já no século
XIX, com o aparecimento das bandas militares, foram incorporados instrumentos
de sopro e percussão.
Os amadores e itinerantes klezmorim tocavam em festas judaicas,
viajando e deslocando-se de gueto em gueto na Polônia, Romênia, Bulgária,
Hungria, etc.
“No
século XX, quando os judeus deixaram a Europa Oriental e os shtetls, o klezmer difundiu-se
no mundo, especialmente nos Estados Unidos, influenciando importantes
compositores, como Gershwin, Leonard Bernstein e Aaron Copland. De fato a música Klezmer
reinventou-se nos EUA. Ali fundaram-se mesmo escolas voltadas
para a aprendizagem da música Klezmer.
A maior parte do repertório é
constituída de danças para casamentos e outras celebrações judaicas, como
o Bar Mitzvah. A música
tinha que se enquadrar no acontecimento solene e ao mesmo tempo incitar os
convidados a dançar no fim da cerimónia religiosa. No entanto, apesar de ter a
sua origem nas cerimónias de casamento, klezmer nunca foi só para dançar, mas
também para ouvir durante o banquete.”
Giora
Feidman, Zev Feldman, Andy Statman, The Klezmorin, The Klezmer Conservatory
Band e Henry Sapoznick foram os responsáveis pelo ressurgimento do klezmer nos
anos 1970.
O segundo
revival ocorreu nos anos 1980 com Joel Rubin, Budowitz, Khevrisa, Di Naye
Kapelye, Alicia Svigals e The Chicago Klezmer Ensemble.
Litografia em arte Assinado Judaica Judaismo
Moshe Bernstein Violinista Klezmer stetl
|
Segundo revival –
The Chicago Klezmer
Ensemble – Early Recording – 1987 – 89
"Old timey klezmer." Klezmer antigo.
Esta definição faz sentido
pois contrariamente às bandas modernas, não aparece aqui o tambor thumpa thumpa
nem qualquer outro tambor. Em vez disso, duas pessoas alternam clarinetes,
címbalos, dois violinos e um baixo. Resumindo, é um conjunto do início da
música judaica.
Este álbum é a pura essência
da música judaica expressa em um clássico estilo de música de câmera.
Assistamos então esta obra de Klezmer antigo:
E assim, de século em século, a música Klezmer chega ao
século XXI.
Confira nesta bela gravação, a alegria, o ritmo e a força
deste ritmo vitorioso:
Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.
FONTES:
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