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quinta-feira, 25 de março de 2021

EDITORIAL: Chag Pessach/ Chag Herut -

Chag Pessach - Chag Herut




Há mais de 3300 anos os judeus comemoram a Festa da Passagem - Pessach, que CONTA a passagem da escravidão para a liberdade. Este texto reflete a longevidade da festa e também a sabedoria contida na Torah, quando HaShem diferencia LIBERDADE de LIBERTAÇÃO! A diferença entre Escravos Libertados e Homens Livres! Escravas Libertadas! e Mulheres Livres! Escravidão e Liberdade. 

Observem que a palavra de destaque na frase acima é CONTAR ... no sentido de contar um história. Não é usada a palavra ensinar. CONTAR - é lúdico, divertido e pode ser feito falando, cantando, brincando! O jantar de Pessach, chamado de Seder (Ordem) porque tem uma sequência muito bem determinada, reúne a grande família ao redor de uma mesa para que todos escutem a história que está sendo contada. As crianças perguntam: "Por que esta noite é diferente de todas as outras noites?" e segue-se a narrativa, as músicas, as brincadeiras, o jantar e o fechamento super alegre. Lembro que aos 5 anos, adorava experimentar o vinho e fazer as perguntas. Com o passar dos anos as funções foram mudando, mas o ritual continua. E como foi revigorante em um ano que estávamos em Dubrovnik seguir o mesmo ritual em outras paragens - e notar todas as semelhanças e as pequenas diferenças! Sobreviver 3.300 anos requer a cumplicidade de muitas gerações, em muitos locais diferentes deste planeta, e com variações sobre o mesmo tema mantendo, no entanto, o tema central. 

Conta-se a saída do Egito sem mencionar o nome de Moshé. A explicação mais tocante que escutei é porque sobre isto, todos deveriam ter sido ensinados - e portanto estava sendo lembrado nas mentes de cada um dos presentes. Cantar as músicas de sua irmã, Miriam, reverenciar sua mãe, Yocheved e a filha do Faraó, cujo nome não chega a ser mencionado, é uma forma de falarmos de mulheres únicas que se destacaram pelas suas ações. Falar das parteiras, Sifrá e Puá, mencionando os seus nomes, é reverenciar as mulheres profissionais. Lembrar da esposa de Moshé, Tsiporah, que era cushi (negra), e cujo pai, um líder de seu povo, segue e aconselha Moshé, mostra que o Povo de Israel é diverso desde suas origens. Lembro que nada disto é ensinado e analisado - mas sim é CONTADO - e a cada geração as análises vão variando e formando uma base bibliográfica para muitos estudos.

Na Torah, que foi entregue no deserto muito depois que o povo foi libertado, estão estipuladas as formas como será celebrada a Festa da Passagem - Chag Pessach, Chag Herut. Também chamada de Chag Aviv (festa da primavera) que chega no hemisfério norte nesta época. Em editoriais anteriores comentei sobre os vários aspectos históricos e rituais e no ano passado sobre o SederZOOM! Até isto este ano se repete! 

Você podem seguir os 4 anos de história da ETNM (EshTánaMídia) relendo os editoriais anteriores (links no final deste texto). Hoje quero apresentar algo que ainda não mencionei e que foi inspirado em um texto de Jayme Fucs, publicado em 2014.

Escravizar era uma prática comum e aceita em toda a Antiguidade. Tão comum que nem mesmo Platão, o filósofo grego que lança as bases para a República, ou Sócrates deitam seus olhos sobre os escravos; eles não contavam. Com o passar dos séculos esta prática foi sendo abolida, mas em todos os casos que tenho lembrança, e por favor, escrevam os que tenham outras informações, falamos de Libertação dos Escravos. Aqui no Brasil é comemorada a Abolição da Escravatura e a Libertação dos Escravos. 

Pessach, no entanto, não é Chag Shchrur (Festa da Libertação), é Chag Herut, a Festa da Liberdade. Como foi possível passar da escravidão para a liberdade, sem sofrer um processo longo de adaptação e de busca de identidade?

Encontramos a resposta na própria Torah, e na criação da Festa de Pessach. Na mesma parashat em que D'us menciona comemorar Chag Herut é lembrado que esta festa também pode se chamar "Chag Herut Tenai". Amigos, a tradução literal seria "Festa da Liberdade Condicional"! Soa estranho aos meus ouvidos! Vou tomar a liberdade de traduzir por Festa da Liberdade Responsável - e isto porque logo em seguida seria entregue no Monte Sinai a Torah - as Leis - e para que a liberdade pudesse ser conservada havia a necessidade de seguir um código legal. Lembrar e Atuar - lembrar com alegria e da forma possível para cada um e atuar dentro de um código legal que admita a inclusão. 

Será preciso ser judeu para seguir regras gerais de conduta? Quero aqui lembrar um dos pontos cruciais da linguagem dos antissemitas - "Povo Eleito!". Traduzir nem sempre é fácil e nem sempre é livre de consequências maiores. Nós hoje sabemos que quando um homem "traduz" a mensagem de um vírus, cria muito mais vírus e fica mortalmente doente (um pouquinho de biologês). Os homens que não traduzem a mensagem do vírus podem nem sintomas ter! Povo Eleito não está escrito na Torah - mas sim, aqueles que estavam ao pé do monte Sinai recebiam as leis que deveriam ser passadas para seus filhos e também disponibilizadas para todos os outros povos da terra. O espírito da lei deveria ser disseminado. E não aquela lei em particular.

E podemos ver que em todos os rincões da Terra em que há respeito por todos e pela diversidade, a liberdade impera. Vamos a mais um Seder no Zoom - escolham entre os muitos sedarim comunitários e os que são feitos em família e comemorem com um deliciosa refeição cujas regras foram ditadas há mais de 3.300 anos. 

CHAG PESSACH KASHER ve SAMEACH - E como acabam todas as Hagadot de Pessach:

Le Shana habá B' Irushalaim - O ano que vem em Jerusalém!


Regina P. Markus


CHAG HERUT - Clique para ler:

Editorial de Pessach de 2017

Editorial de Pessach de 2018


Editorial de Pessach de 2019


Editorial de Pessach de 2020



Um comentário:

  1. Liberdade - um conceito com mil faces. A de Chag Herut traz a responsabilidade necessária para ser preservada e passada para as gerações seguintes

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