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sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Acontece - Como estar no Lugar Certo, no Momento Correto?

Como estar no Lugar Certo, no Momento Correto?


Buscar respostas para uma pergunta específica é uma das principais funções do estudo. Conhecer para seguir ao pé da letra ou conhecer para abrir novos caminhos? 

Dicotomizar um problema acreditando que existem dois caminhos mutuamente exclusivos é uma atitude que gera conflitos, facções e, na maioria das vezes leva à perda de controle. Olhando novamente as questões acima a pergunta que segue é: temos suficiente informação para saber se o conhecimento deve ser considerado de alta relevância - e portanto temos que segui-lo ao pé da letra - ou há ainda necessidade de exploração?

Hoje vamos explorar o LIXO. Algo que se acumula inexoravelmente e que deve ter um destino adequado. Pode ser reciclagem ou tratamento, mas, como vemos em muitos "Tel" ("montes") em Israel, abaixo destas colinas há material arqueológico que foi se acumulando ao longo de milênios, ou em alguns casos, apenas décadas.

Na próxima semana recebemos em São Paulo o ganhador do Prêmio Nobel 2004, Prof. Aaron Ciechanover. Nascido em outubro de 1947 em Haifa, mestre em Biologia pelo Technion em 1971 e doutor em Medicina pelo Centro Médico Hadassa em Jerusalém em 1974, ele seguiu uma carreira que une desvendar conhecimentos básicos em biologia e a passagem para aplicação. O Prof. Ciechanover estará dando uma palestra no dia 15 de agosto comemorando 90 anos da Escola Paulista de Medicina. 

Para a biologia também é muito importante o descarte de substâncias que estão dentro das células. Das nossas e de todos os seres vivos. A enorme contribuição dada por Ciechanover foi descobrir como as proteínas seguram e usam uma chave que as leva a um local de descarte. Esta chave chama-se ubiquitina. Nome excelente para nós, que falamos idiomas latinos - afinal ubíquo, até em português, quer dizer o que pode ser encontrado em todos os lugares.

Sim, a ubiquitina é uma chave comum para abrir um compartimento que se repete, com pequenas variações ao longo das espécies. É um tubo - e a proteína entra no tubo e é quebrada. ACABOU? Certamente não. Como os que sobrevivem, os pedaços formados sinalizam outros mecanismos e mantém a roda da vida girando! Caso haja alguma alteração incoveniente, iniciam-se processos que podem levar a doenças.

Conhecer estes marcadores - estas moléculas alteradas - é, portanto, uma maneira de prever e acompanhar. Assim, dando uma volta rápida em uma história de vida que une muitas pontas podemos entender que conhecer o básico, o que parece para muitos detalhes técnicos, pode em mãos corretas permitir um grande salto e abrir perspectivas relevantes.

Os fenômenos destacados pelo importante prêmio são um trabalho de anos antes e de anos depois, com colaboradores, competidores e muitas pessoas que passam pela literatura, e assim vai-se formando o universo da ciência. Paralelo importante com o modo judaico de atuar.

Conhecer e difundir são duas atividades ligadas ao estudo do judaísmo. Mas isto deve ser seguido pelo dia a dia. Sonhar ciência é maravilhoso, ouvir os sons do judaísmo é reconfortante e estimulante.

Esta semana não podemos nos esquecer que estamos chegando perto de Rosh Hashaná. Mais um pouco entra o mês de Elul e começaremos a ouvir o som do Shofar! A parashá desta semana, Re'eh - VEJA, OBSERVE – Deuteronômio (Dvarim 11:26). 

רְאֵ֗ה אָֽנֹכִ֛י נֹתֵ֥ן לִפְנֵיכֶ֖ם הַיּ֑וֹם בְּרָכָ֖ה וּקְלָלָֽה      

VEJAM - Coloco hoje diante de vocês benção e maldição.

A seguir são citados os Montes de Guezerim e Ébal - um para guardar as bençãos e o outro as maldições. Um verde e o outro desprovido de vegetação. Conhecemos a localização destes montes - veja a foto.


Montes de Guerizim e Ébal e no centro a cidade de Shechem, também chamada de Nablus. Montes citados na Torah - Parashat Re'eh - para guardar o bem e o mal (separadamente). 


Aqui temos a dicotomia colocada em termos da Torah. Há regras específicas para atender uma ou outra. Há lugares específicos que são abençoados e amaldiçoados. E há a separação da alma e do corpo e o respeito pelos dois. É nesta parashá que podemos entender a importância de algumas leis da cashrut. Do ponto de vista teológico e do ponto de vista biológico. No sangue flui a alma, que atravessa todos os órgãos e que não fica restrita à cabeça ou a uma mente de difícil materialização. Mas, o que flui pode conter muitos organismos indesejados e também estragar muito rapidamente. É entre o santo e o prosaico que se santifica a VIDA. 


Regina P. Markus


Sobre Aaron Ciechanover: https://www.nobelprize.org/prizes/chemistry/2004/ciechanover/facts/




Um comentário:

  1. Muito bom, Obrigada!
    Nos tempos que vivemos esta visão vem muito a calhar e remete ao refletir, base do mês de Elul.

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