JUDEUS DO MARROCOS:
Judeus residentes e suas tradições judaicas nas montanhas do Atlas
Você sabia
que os primeiros judeus a se estabelecerem no Marrocos lá chegaram em 70 EC -
quando se iniciou o exílio, ou diáspora judaica - e que dos 30 mil judeus lá
estabelecidos até 1948, restam agora algo em torno de 3 mil?
Não se sabe
desde quando os judeus habitaram o Marrocos, mas Marrakech, fundada em 1062,
ficou conhecida como “a cidade da inteligência e dos debates talmúdicos”.
A cidade de
Marrakech, capital do sul do Marrocos em tempos antigos, foi criada pelo sultão
da Almorávida (império islâmico fundado por uma dinastia berbere do norte da
África), Youssef Ibn Tachfine, que permitiu a instalação dos judeus em seus
territórios.
A partir de
então a presença judaica permaneceu no país, vivendo ao lado de vários regimes
cristãos e muçulmanos, às vezes perseguidos e às vezes tolerados.
O legado
judaico no país é imenso e várias empresas de turismo têm se especializado em
organizar excursões que mostram a riqueza da história deste povo em terras
marroquinas. Tenho conversado com turistas voltando do país, tenho lido relatos
de visitantes e estudado programas de
viagem que levam as pessoas aos lugares mais significativos e antigos, com suas
antigas construções e memórias de uma vida intensa e nem sempre pacífica, e
decidi que para o próximo ano irei pessoalmente conhecer estes edifícios e ali
aprender sobre os passos do povo judeu no país.
Apresentaremos
a seguir algumas preciosidades do passado:
Pátio
da sinagoga Salat Al-Azamat, a mais antiga de Marrakech
(Foto: Thais
Kuperman Lancman) |
Os judeus
expulsos da Espanha em 1492 pelos reis católicos Fernando e Isabel construíram
uma linda sinagoga (foto acima) na cidade de Marrakech sob a liderança do
rabino Yitzhak Daloya, conhecida como a Sinagoga dos Deportados.
Interior da sinagoga Salat Al-Azamat |
Marrakesh, um
lugar cheio de exotismo, aos pés da cordilheira do Atlas e no meio de um enorme
oásis é chamada de "Cidade Vermelha", um verdadeiro tesouro declarado
patrimônio mundial, assim denominado devido à cor de suas muralhas. Ali
encontramos as ruelas caóticas do seu enorme mercado, o shuk, com surpresas
escondidas, a medina ou parte antiga da cidade, e muito charme a desvendar.
Também de grande importância histórica é uma caminhada pelas ruas da melah,
bairro murado onde moravam os judeus.
Os mercados
no Marrocos são uma mostra completa da vida de seus habitantes, oferecendo o
que há de melhor em temperos, frutas, artesanato, sapatos, túnicas, e sempre
uma conversa gostosa com os comerciantes que apreciam uma boa negociação.
E as tâmaras?
Ah, as famosas e deliciosas tâmaras?
O que dizer
destas iguarias, um verdadeiro patrimônio do país!
Sinagoga Salat Al-Azamat |
Passemos agora à Casablanca, a capital econômica do Marrocos, a maior cidade do país, com a mesquita Hassan II, construída entre 1986 e 1933 e seu panorâmico teto retrátil que encanta a todos, turistas e muçulmanos em oração.
Nesta cidade
encontra-se o único Museu Judaico existente em um país árabe, o Museum of Moroccan
Judaism, criado em 1997 com um acervo incrível, expondo a todos a história do
Povo Judeu com suas tradições, costumes, vivências e o famoso PIYYUT - canções
dos judeus marroquinos em seus serviços religiosos, como exemplo temos “The
Song of Friendship”.
Museu Judaico - Casablanca |
Cemitério
Judaico de Fez, e as casas que simplesmente o ignoram, um símbolo de harmonia
cultural. |
Chegamos
finalmente à Rabat, a capital do Marrocos, cidade moderna, arborizada e limpa;
o contrário de Casablanca.
Ali
encontra-se a Sinagoga Talmud Torá, perto da melah (antigo bairro dos judeus).
Infelizmente
não obtive fotos desta sinagoga, mas sabe-se que no passado foi o Instituto
Marroquino de Estudos Hebraicos, para jovens que almejavam ser rabinos vindos
de cidades marroquinas e da zona espanhola.
Ainda há
Judeus no Marrocos!
“Hoje, a
maioria dos judeus do país, cerca de 3.000, está concentrada em Casablanca, uma
movimentada metrópole de 3,4 milhões. Apesar de seu tamanho reduzido, a
comunidade judaica marroquina permanece totalmente funcional, ativa e vibrante.
Com a introdução de laços diplomáticos com Israel, o futuro dos judeus
marroquinos parece mais brilhante do que em décadas.”
Esta é uma
notícia alvissareira.
Falar do
Marrocos e de seu legado judaico de muitas gerações deixa-me muito empolgada e
ao mesmo tempo preocupada: o artigo está ficando longo e há ainda tanto a ser
dito, como por exemplo, ir a Fez visitar a casa onde Maimônides, o Rambam, um
dos maiores sábios do Judaísmo refugiou-se, após sair da Espanha em 1492. Hoje
ali há o pequeno Museu Maimônides, uma loja–museu que oferece artigos de arte
judaica e astrolábios.
Concluindo
nosso passeio por terras antigas, recomendo a leitura do livro abaixo, de
Abraham Pinto, vindo muito jovem de Tanger, Marrocos, onde conta suas aventuras
junto ao irmão mais velho, Moisés, na selva amazônica, no final do século XIX.
Eles fazem
parte do imenso grupo de judeus marroquinos que vieram para o Brasil durante o
ciclo da borracha e aqui plantaram eternas tradições judaicas por onde viveram
e se estabeleceram.
O texto está
muito bem escrito, os relatos são muito interessantes e surpreendentes para
dois jovens sem experiência de navegação, floresta, índios, comércio e
negócios.
Junto com a vontade de viver e melhorar a situação financeira da família em Tanger, trouxeram com eles seus livros de Yom Kipur com os quais observavam 3 dias de jejum e rezas durante o feriado, atracando suas canoas à beira de rios tais como o Javari ou o Juruá, celebrando as Grandes Festas como o faziam em sua infância no Marrocos.
Coleta do
látex das seringueiras no Amazonas. |
FONTES:
https://medium.com/pasmas/a-mesquita-dos-judeus-70c0c16da9fa
https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/5524037/jewish/19-Fatos-Sobre-Judeus-Marroquinos.htm
https://en.wikipedia.org/wiki/Amazonian_Jews
http://judios-marroquies-en-amazonia.com/TextoPintoEspanol.pdf
https://pt.wikiloc.com/trilhas-trekking/la-medina-de-marraqueix-30-oct-2018-30271907
https://issuu.com/revistamorasha/docs/revista_morash_116_-_site/s/16801325
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