Estamos apenas no comecinho de 5785 e tantas coisas já aconteceram! Começo lembrando a tempestade que fustigou São Paulo durante o Kol Nidrei. Acúmulo (rs) de nuvens cumulus nimbus trouxeram chuvas fortes e ventos de mais de 100 km por hora, nesta hora e meia da nossa reza. É a reza com maior tom de súplica, a única ao escurecer na qual se usa Talit, é considerada a mais importante do ano e tradicionalmente a que mais lota as sinagogas. E eis que as luzes tremem e se apagam, microfone das Chazan some e alarmes tocam! Pensei na hora - alarmes, se estivéssemos em Israel sairíamos todos correndo para o abrigo que certamente estaria próximo…
Mas, fisicamente longe de Israel embora com a alma lá, o que fizemos, todos, foi cantar ainda mais alto, como se nossa voz pudesse chegar mais potente à população de Israel, ao universo, a Deus?
As muitas pessoas com quem falei me relataram a mesma coisa de suas respectivas sinagogas, foi uma emoção, a mais, compartilhada com a comunidade. Uma sensação de pertencimento - que a sinagoga sempre proporciona- renovada e mais poderosa neste ano, nestas circunstâncias da história.
Nós, que fomos inscritos no livro da vida, pelo menos até agora, quebramos docemente o jejum do Yom Kipur e mergulhamos novamente no turbilhão do cotidiano que continua trazendo notícias ruins, da guerra e da política, da saúde e da energia aqui no Brasil, de Israel e do planeta, inclusive previsão de novas grandes tempestades que são o “novo normal” das mudanças climáticas…
Das grandes festas celebradas pelo mundo ainda cabe mencionar que foi divulgado um convite para o serviço na sinagoga de Riyad, capital da Arábia Saudita - rabino Jacob Herzog, em inglês, convite aberto indicando uma possibilidade de encontro pacífico, seguro… não o primeiro, mas uma rotina que hoje se pode mostrar… emocionante!
Nestes dias continuamos ouvindo na mídia inúmeras notícias de ataques de Israel a “escolas, hospitais, prédios residenciais”… não se fala de que o alvo são bases, e armamentos, “que mataram tantos civis e tantas crianças" sem mencionar quantos eram terroristas, e para o público em geral, e alguns líderes simplistas, parece que o país insiste em lutar sozinho, não em reação a mísseis diários e não para destruir equipamentos de última geração que apenas Israel tem mostrado após ataques…
Mas muito importante é mencionar a publicação de análises diferentes, raras, que começam a “furar bloqueios de censura e desinformação", como: a de Jorge Zaverucha , doutor em Ciência Política da Universidade de Chicago que o Jornal do Commercio de Recife publicou em 10/10, com o título “Deixem Israel vencer”, e as de hoje na Folha de São Paulo, de Alia Maluf - libanesa, jornalista, filósofa, administradora e escritora - com o Título "Líbano, uma narrativa distorcida" e a de Igor Sabino, cientista político, no StandWithUs, entitulado “ONU tem falhado em estabelecer a paz”. Há aqui e ali a divulgação de opiniões “contra a corrente”, que embora não celebrem a triste morte de civis, explicam melhor a complexidade da tarefa de Israel nesta indesejada guerra.
E incluo por último, mais recente, a confirmação hoje à tarde, por parte das Forças de Defesa de Israel, da morte do líder do Hamas Yahya Sinwar em Gaza. Esta é uma grande notícia, pela importância dele na ameaça a Israel, e sobretudo por não ter envolvido reféns que se temia estarem sendo mantidos como escudo protetor dele.
Como os fatos continuam, a cada dia, e nos atropelam, pode parecer que nada mudou do ano passado para cá. Mas sabemos que apesar de ainda faltar “luz no fim do túnel” não deve, não pode demorar muito alguma solução, tanto em Gaza como no Líbano. Os refens aguardam, as famílias aguardam, teremos novidades, acredito, em um espaço menor de tempo…
Estamos em Sucot, outro clima, celebração…. convidemos para a Sucá quem possa e precisa compartilhar esta esperança de que este ano será muito diferente, a caminho de uma solução, de uma paz consistente, duradoura.
Mais uma vez Chatimá Tova, Chag Sucot Sameach, Shabat Shalom.
Juliana Rehfeld
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