um povo
“multidiverso” espalhado entre as nações
Povos, nações, etnias: termos que definem grupos específicos de
pessoas que se identificam por características biológicas, históricas, culturais
e afinidades. Propositalmente, usamos na frase anterior a forma reflexiva para caracterizar que as pessoas de um mesmo grupo se identificam através de
pontos comuns. Por outro lado, os que não pertencem a estes grupos também costumam
destacar pontos comuns às pessoas de um mesmo grupo. Estas atitudes podem ser a
base de uma convivência entre os diversos ou a base de uma rejeição ao diferente. Dependendo da perspectiva com que um observador
caracteriza diferentes grupos humanos, a diversidade pode ser considerada um ponto positivo ou pode levar a reações de extrema
rejeição ao outro, causando danos irreparáveis.
Uma das bases para esta atitude é o uso de padrões de
identificação que não necessariamente refletem a realidade - assim se constroem os estereótipos.
Narrativas que vão se perpetuando sem refletir a verdade.
Por isso, mostrar o que somos e de onde viemos é sempre uma forma de embasar o futuro.
O Povo Judeu, nascido numa caminhada de 40 anos
pelo deserto, tem visto os milênios passarem e tem não só sobrevivido como também atuado
diretamente ao longo dos séculos. Um povo formado por várias etnias,
brancos, negros, pardos. Um povo formado por profissionais de
diferentes ramos, por pessoas conhecidas e por aquelas que não são
identificadas como judeus. Até a primeira metade do século XX havia pouca
menção aos judeus negros, apesar de na Torah (cinco livros de Moisés) ser relatado
que a esposa de Moisés, Pnina, era filha de Yitró, líder dos Midianítas. Na
Torah está escrito que a esposa de Moisés era kushi (negra), que era
muito bonita, e mais ainda, foi a primeira judia a fazer a circuncisão de seu
filho. E, para confirmar esta história, os rabinos muitos séculos depois ainda
comentam: "o valor numérico da palavra “kushit” é o mesmo que “yafet mareh”
(maravilhosa)". Assim, ao falar da cor da pele de Tsipora, ao mesmo tempo estava
sendo proclamada a sua beleza (citado em: Tanhuma, Zav 13).
Esta história iniciada em tempos bíblicos chega até
aos nossos dias, quando os judeus da Etiópia foram resgatados e formam um
contingente importante dos que vivem no Estado de Israel. A vinda dos judeus da
Etiópia para Israel ocorreu no século XX, mas nos dias de hoje, mais especificamente na semana
passada, chegaram em Israel judeus vindos da Índia. Mais um grupo que escapa do
estereótipo europeu e que faz parte integral de um povo que após ficar disperso
pelo mundo por milênios volta à sua pátria. Mais um grupo que faz renascer a
esperança que um dia todos os povos poderão entender que a soma das diferenças
e a capacidade de manter a identidade é que dá condições para contribuir de forma
positiva com toda a humanidade.
Na foto acima colocamos três judeus que receberam o Prêmio
Nobel. Certamente todos identificam Albert Einstein, aquele que conseguiu
equacionar matematicamente a relação entre tempo e espaço. Muitos identificam
Elie Wiesel, aquele que soube sair do inferno construído pelo preconceito e conseguiu trazer ao seu tempo conceitos que estimulam a convivência entre muitos. Mas
poucos reconhecem a cientista Rita Levy Montalcini, italiana de nascimento,
judia que descobriu o fator de crescimento neural e que iniciou um novo campo
nas neurociências. Poucos sabem que Rita esteve no Brasil, na UFRJ, logo que
saiu da Europa - mas aqui também, por ser judia, não encontrou a devida guarida,
e emigrou para os Estados Unidos. Posteriormente, Rita voltou para a Itália e no
final de sua vida criou um fantástico programa para desenvolver neurociências
na África e estimular o talento científico em jovens mulheres.
Desde os tempos bíblicos foi dado à mulher judia um papel de destaque, e por mais que este venha sendo tirado ao longo dos anos, sempre vai sendo resgatado.
Desde os tempos bíblicos foi dado à mulher judia um papel de destaque, e por mais que este venha sendo tirado ao longo dos anos, sempre vai sendo resgatado.
A diversidade humana é, na realidade, a maior riqueza
que temos e parte do sucesso e da resiliência do Povo Judeu está baseada justamente na
sua diversidade.
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