Você sabia que o
Vaticano, juntamente com seu líder oficial, Sua Santidade o Papa Pio XII,
apesar da acusação de que foi vítima, de indiferença durante o Holocausto,
elaborou um plano secreto com o objetivo de salvar os judeus das garras do
nazismo?
Gordon Thomas, em
seu fascinante livro “Os Judeus do Papa”, relata as históricas peripécias
ocorridas na cidade do Vaticano com personagens do próprio Vaticano, da
comunidade judaica do gueto romano, da equipe do Hospital Judaico na Ilha
Tiberina, dos trabalhadores da Assistência Humanitária, dos Diplomatas, dos
Fascistas, dos invasores alemães, da Resistência, da Rede Secreta, da
Aristocracia Negra, entre muitos outros.
Pio XII foi
injustamente acusado de omissão durante a Segunda Guerra, mas antes de ser
eleito papa, quando de seu trabalho em Berlim como Cardeal Eugenio Pacelli, ele
já se preocupava com o avanço das ideias racistas de Adolf Hitler:
“Entre 1933 e 1939, Pacelli emitiu 55 protestos de violações do Reichskonkordat. Mais notavelmente , no
início de 1937, Pacelli pediu a vários cardeais alemães, incluindo o
Cardeal Michael von Faulhaber, que o auxiliassem na
redação de um protesto contra as violações nazistas do Reichskonkordat, o que viria a se tornar
em 1937 a encíclica de Pio XI conhecida como Mit brennender Sorge. A encíclica
foi escrita em língua alemã e não em latim, língua dos documentos habituais e
oficiais da Igreja Católica Romana. Secretamente distribuída por um exército de
motociclistas, foi lida em cada púlpito da Igreja Católica alemã no Domingo de
Ramos de
1937, condenando o paganismo e a ideologia do nacional-socialismo. Pio XI creditava a sua
criação e redação a Pacelli. Foi a primeira denúncia oficial do nazismo feita
por qualquer grande organização e resultou em perseguição da Igreja pelos
nazistas enfurecidos que fecharam todas as gráficas que participaram da
impressão do documento e tomaram inúmeras medidas vingativas contra a Igreja,
incluindo a realização de uma longa série de ensaios sobre imoralidade do clero
católico."
Agradeço imensamente a sugestão de uma de nossas leitoras que
me sugeriu este emocionante livro, um verdadeiro thriller.
O britânico
Gordon Thomas, um jornalista investigativo, com mais de 50 livros publicados,
especialista em espionagem, trabalhou ainda como correspondente estrangeiro e
produtor de programas para BBC.
Ele e uma equipe
de mais de 20 especialistas no assunto produziram o livro acima citado através
de uma exaustiva pesquisa documental, onde encontramos as tratativas do mundo e
da Santa Sé numa luta para derrubar o Duce, o Führer, para acabar com os campos
de trabalho, de concentração e com as injustiças da Segunda Guerra.
Os movimentos
foram sub-reptícios para não acirrar ainda mais o ódio de Hitler por seus
antagonistas.
Não foi à toa que
Goebbels acusou Pio XII de ser "o amante dos judeus."
Em mensagens ao
mundo e à Rádio Vaticano, Pio XII expunha seus sentimentos: “Cada ser humano
vem com a marca de Deus", e também "Substituir a aversão pela
caridade."
Em uma
admoestação a Hitler, Pio XII falou: "Aquele que conduz o destino de
nações não deveria esquecer que, apesar de ostentar a espada, não é senhor sobre
a vida e a morte."
Neste livro que
vai aos detalhes dos momentos cruciais da guerra, Gordon Thomas relata o
trabalho do alfaiate Serafino Pace no gueto de Roma, atarefado em diminuir as
roupas de seus vizinhos que aos poucos iam diminuindo suas medidas como
consequência da escassez de alimentos.
Em outra passagem
interessante, descobrimos que Hitler acreditou que poderia e deveria sequestrar
o papa, mantê-lo preso na Alemanha, e negociar com a França e a Inglaterra em
seu próprio favor. Para tanto encarregou seu general de total confiança, Karl
Friedrich Otto Wolff, e deu-lhe 4 semanas para efetuar o sequestro. Wolff,
assim como outros generais, já percebera que o fim estava chegando e apesar de
apresentar um plano magnífico ao seu chefe, desobedeceu sua ordem e não
concluiu a operação.
O mundo ainda
acusa Pio XII por seu silêncio aparente, mas havia fatos por trás deste aparente
desinteresse de Sua Santidade. Enquanto a Rádio do Vaticano falava a todos
"Qualquer ser humano que fizer distinção entre os judeus e os outros seres
humanos é infiel a Deus", o papa e
seus seguidores protegiam a comunidade judaica mais antiga do mundo ocidental
no subúrbio de Travestere, o gueto de Roma.
E os cuidados não
se limitavam apenas a esta população.
Pio XII nunca
investiu publicamente contra Hitler, também nunca se declarou um Aliado, mas
nem por isso pode-se acusá-lo de omisso.
Documentos
oficiais secretos agora nos relatam a grande rede de auxílio humanitário por
ele criada em prol de todos os judeus do continente europeu.
Sob sua batuta,
muitos religiosos se arriscaram ao abrigar os refugiados em seus monastérios e
igrejas. Também muito ouro do Vaticano foi utilizado para salvar os judeus de
Roma e durante a ocupação da própria Roma pelos alemães, milhares de judeus
receberam abrigo e esconderijo em Castelgandolfo, a casa de verão do papa.
A leitura do
livro de Thomas é recomendada aos apaixonados pela História seriamente
documentada. Em suas páginas podemos perceber o horror do nazismo, a
preocupação de boa parte do mundo, o sofrimento do povo judeu, e o desespero de
Pio XII e seus seguidores frente aos tristes acontecimentos da guerra, às
injustiças e aos atos de barbárie cometidos contra seres humanos, e a
impossibilidade de tudo eliminar rapidamente, através de ações diretas. Podemos
seguir os caminhos tortuosos e arriscados de muitos heróis desconhecidos
movidos tão somente com o fim de diminuir a tragédia do holocausto, e de tantas
outras.
Após a guerra,
muitas críticas e acusações surgiram contra Pio XII.
Papa omisso?
Nunca!
Injustiçado? Sim!
Com seu trabalho
de resistência, ele e seus amigos salvaram 800.000 vidas na Europa em chamas,
impulsionados apenas pelo interesse de ajudar o próximo.
A jornalista Irmã
Pascalina, governanta e confidente de Sua Santidade, relata que ele chegou a
dizer que estava "pronto e preferia ser deportado para um campo de
concentração a fazer algo que fosse contra sua própria consciência."
Em outubro de
1958, o papa dos judeus faleceu e Golda Meyer, Ministra das Relações Exteriores
do Estado de Israel, no púlpito da Assembléia da ONU, sobriamente vestida e com
a voz compungida, fez uma declaração que há muito desejava, mostrando ao mundo
seu reconhecimento pela dedicação de Pio XII aos seus irmãos:
"Quando o
martírio horrendo assolou nosso povo durante a década de terror nazista, as
palavras do papa Pio XII foram proferidas em favor das vítimas. A vida em nossa
época foi enriquecida por uma voz que se pronunciava com grandes verdades
morais, acima do tumulto dos conflitos diários. Estamos de luto por esse
notável servo da paz."
Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg para os canais do grupo Esh Tamid.
FONTES:
FONTES:
Os
Judeus do Papa - Gordon Thomas
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