Diálogo
entre Olhos
Trajes
de gala. Meia Luz. Académie Française. Nurith Aviv acabara de receber a
premiação da noite. Seu nome fora inscrito no panteão de honra daqueles que
encontram lirismos nas imagens. A linguagem também é habitada por imagens,
momentos, teceres imortais das objetivas.
De
repente seus olhos encontram os azuis de Sebastião. O tempo parou... Até as
pequenas pérolas dançantes do champagne bebido descansaram de seu ballet sem
fim. Nurith e Sebastião. Terras distantes, mas a mesma poética de imagens.
Na
Fotografia, assim como nas Letras e em todas as Artes, estamos sempre em busca
de nós mesmos, Nurith! Parabéns! Esse champagne delicioso, por exemplo... Não
tem nada de especial. É delicioso. É belo. Mas só...
Lá
no Brasil, um poeta maravilhoso, Vinícius de Moraes, dizia que “é preciso de
algo além da Beleza. Alguma coisa que canta, que chora, que sente Saudades...”
Esse champagne não tem isso... Falta o borogodó, como dizem lá em Copacabana.
Não
é igual a Madeleine que fez Proust enxergar todo o tempo perdido, toda a
ancestralidade afetiva. Passa longe do Ratatouille que levou Anton Ego numa
viagem em busca da doçura infantil e familiar...
AFETOS!
Busque
a “Gênesis” de como enxergar com as imagens. O “Êxodo”, que não é qualquer fuga
ou travessia: quem enxerga, acaba enxergando a si mesmo. Só o nosso Amazonas
interno é que deve ser vencido! Imagens...
Claro
que o trabalho é essencial à vida humana, mas será que podemos falar dele sem
entender a realidade dos “Trabalhadores”? Aqueles que cortam a “Terra” em busca
do pão, ou os que, como saúvas, destróem tudo em busca do vil metal em “Serra
Pelada”?
No
fim, somos todos viajantes em busca de nós mesmos, de enxergarmos o espelho
íntimo, caçadores de “Outras Américas”, para que possamos entender, no fim, que
a Liberdade, a Igualdade e a Justiça estão dentro, nas nossas margens. Esse é o
nosso “Perfume de Sonho”.
Quando
encontramos esse “Incerto Estado de Graça” entendemos que somos apenas
fotografias... Somos “Retratos de Crianças no Êxodo”, naquela jornada, ainda
por se concretizar, e que nunca terminará, em busca de nossa “África”
ancestral: nossa alma, “O Berço da Desigualdade”.
Olhos
que conversam, na eternidade de um milésimo de segundo...
André Naves
www.andrenaves.com
Instagram: @andrenaves.def
que lindo André! muito expresivo !
ResponderExcluirMuitíssimo obrigado, Marcela. A grande recompensa do escritor é a felicidade em saber que seus textos são lidos e geram emoções! Agradeço demais. Fraternais Abraços. Esteja com D´us.
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