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quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Iachad (juntos - יחד) - por André Naves: Diálogo entre Olhos

 


Diálogo entre Olhos

         Trajes de gala. Meia Luz. Académie Française. Nurith Aviv acabara de receber a premiação da noite. Seu nome fora inscrito no panteão de honra daqueles que encontram lirismos nas imagens. A linguagem também é habitada por imagens, momentos, teceres imortais das objetivas.

         De repente seus olhos encontram os azuis de Sebastião. O tempo parou... Até as pequenas pérolas dançantes do champagne bebido descansaram de seu ballet sem fim. Nurith e Sebastião. Terras distantes, mas a mesma poética de imagens.

Na Fotografia, assim como nas Letras e em todas as Artes, estamos sempre em busca de nós mesmos, Nurith! Parabéns! Esse champagne delicioso, por exemplo... Não tem nada de especial. É delicioso. É belo. Mas só...

Lá no Brasil, um poeta maravilhoso, Vinícius de Moraes, dizia que “é preciso de algo além da Beleza. Alguma coisa que canta, que chora, que sente Saudades...” Esse champagne não tem isso... Falta o borogodó, como dizem lá em Copacabana.

         Não é igual a Madeleine que fez Proust enxergar todo o tempo perdido, toda a ancestralidade afetiva. Passa longe do Ratatouille que levou Anton Ego numa viagem em busca da doçura infantil e familiar...

         AFETOS!

Busque a “Gênesis” de como enxergar com as imagens. O “Êxodo”, que não é qualquer fuga ou travessia: quem enxerga, acaba enxergando a si mesmo. Só o nosso Amazonas interno é que deve ser vencido! Imagens...

Claro que o trabalho é essencial à vida humana, mas será que podemos falar dele sem entender a realidade dos “Trabalhadores”? Aqueles que cortam a “Terra” em busca do pão, ou os que, como saúvas, destróem tudo em busca do vil metal em “Serra Pelada”?

No fim, somos todos viajantes em busca de nós mesmos, de enxergarmos o espelho íntimo, caçadores de “Outras Américas”, para que possamos entender, no fim, que a Liberdade, a Igualdade e a Justiça estão dentro, nas nossas margens. Esse é o nosso “Perfume de Sonho”.

Quando encontramos esse “Incerto Estado de Graça” entendemos que somos apenas fotografias... Somos “Retratos de Crianças no Êxodo”, naquela jornada, ainda por se concretizar, e que nunca terminará, em busca de nossa “África” ancestral: nossa alma, “O Berço da Desigualdade”.

Olhos que conversam, na eternidade de um milésimo de segundo...

André Naves

 Defensor Público Federal. Especialista em Direitos Humanos, Inclusão Social e Economia Política. Escritor. Estrategista. Comendador Cultural.

www.andrenaves.com

Instagram: @andrenaves.def

 

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Muitíssimo obrigado, Marcela. A grande recompensa do escritor é a felicidade em saber que seus textos são lidos e geram emoções! Agradeço demais. Fraternais Abraços. Esteja com D´us.

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